A obrigação de preservar os empregos e a vida durante a crise, deve ser lembrada neste dia 1º de maio: dia do Trabalho
Dia do Trabalho, Dia do Trabalhador. O 1º de Maio é o dia em que se comemora o ofício e as conquistas do operário, do trabalhador para livre exercer suas tarefas. Será? Será mesmo? Não é bem isso que temos visto ocorrer em nosso país, com esse retrocesso impulsionado por uma política nociva e destrutiva de Bolsonaro, que não avança rumo a conquistas de direito do trabalho, mas a destruição e ao solapamento da classe operária, em sua maior parte os pobres, inimigos declarados deste governo de elite.
Um pouco de história
A história do Dia do Trabalho surgiu em Chicago, nos Estados Unidos, em 1º de maio de 1886, quando muitos trabalhadores foram às ruas para protestar contra jornada exaustiva diária. Trabalhadores realizaram uma greve geral no país, com atos de rua e manifestações que ficaram conhecidas como a Revolta de Haymarket.
Policiais entraram em conflito com os grupos de trabalhadores, para rechaçarem os operários. Quanto mais as forças armadas repreendiam, mais os manifestantes continuavam e a importância da data ficaria marcada na história.
Karl Marx (1818-1883) pensador alemão que desenvolveu diversas obras e artigos sobre temáticas variadas, como: Sociologia, Política, Economia, História, etc, afirma que na manufatura, ou modo de produção pré-capitalista, o trabalhador é explorado, mas não é despojado do seu saber. O capital se apropria do trabalho. Marx analisa o trabalho como sendo uma mercadoria que é vendida como qualquer outra, pois o trabalhador assalariado no sistema capitalista não tem outra opção a não ser trabalhar para receber um salário que nem sempre é justo. E na maioria das vezes não o é.
As ideias de Marx descortinaram a força que a classe operária tinha e as condições péssimas que estavam sendo submetidos, impulsionando por busca de mudanças e melhorias nas condições trabalhistas, dando surgimento aos movimentos operários trabalhistas organizados ao redor do mundo.
A luta por direitos no Brasil
No fim do Império, em 1889, existiam 55 mil operários, em sua maioria imigrantes, com estes vieram às primeiras ideias socialistas e anarquistas para o Brasil. É nesse momento que começa a se formar a classe operária brasileira. As principais reivindicações eram o aumento de salários, redução de jornada de trabalho, fim da exploração infantil e de mulheres e a melhoria das condições de trabalho.
Em junho de 1917, eclode uma grande greve geral que paralisa totalmente a cidade de São Paulo, trabalhadores organizados, impõem suas reinvindicações. Vitorioso, o movimento por melhoria salarial assusta as elites. Mostrando a elas, que os trabalhadores organizados podiam conquistar mudanças, e que não aceitariam serem explorados.
Nova greve, agora em 1953, também em São Paulo. Deflagrada a partir de reivindicações de operários de fábricas têxteis e metalúrgicos, logo alcançaria outras categorias, como vidreiros, gráficos e marceneiros, ganhando apoio de outras cidades como Santos, Sorocaba, cidades da Grande São Paulo, Belo Horizonte e Contagem, propagou-se no maior movimento paredista desde 1917. Ficou conhecida como a Greve dos 300 mil.
Até 1964, o país viveria uma onda de mobilizações sociais que novamente assustariam as elites, que revidaram com chumbo, tortura e desaparecimentos políticos, aparelhados agora pela máquina de matar da ditadura militar. Seriam longos 21 anos.
Com o fim da ditadura militar, promulgava-se a Constituição de 1988, que é a mais avançada da história dos direitos sociais e das garantias e direitos individuais. Os anos 80 foram de notável desenvolvimento da democracia. Já a década de 90 representa a reversão dessa tendência, e que vem culminando para o precipício desde então.
31 de Agosto de 2016, terrível dia em que a elite, a mesma incomodada há tempos com a ascenção das classes inferiores e com o crescente bem estar da classe trabalhadora, promulga o golpe dito in(constitucional) contra a ex presidenta Dilma Rousseff, chamado por eles de ‘impeachment’. Temos visto, desde então, um acelerado processo de privatizações, de redução do papel social do Estado e de desregulamentação, impulsionados por uma política raivosa de destruição e derretimento das conquistas históricas do trabalhador.
A realidade é triste. É um filme mudo, em que o trabalhador é aviltado e se desespera. Parece que voltamos no tempo, só que pra pior.
Tempos Modernos
“Tempos Modernos” (1936), clássico filme de Charlie Chaplin mostra a rotina exaustiva e enlouquecedora de um operário numa linha de montagem. Seu enredo é a denúncia contra a exploração capitalista. O filme traz à tona o desespero de um homem simples, um operário, sem direito à voz, que não se adapta ao sistema produtivo. Seu mundo é o da pobreza, do desemprego, da fome. Ele se rebela, conscientemente ou não, contra essa lógica da modernidade capitalista a que se impôs. Sua revolta é um protesto que mostra as péssimas condições de trabalho. Numa das cenas mais célebres, persegue uma mulher por achar que os botões de sua roupa são os parafusos que ele costuma apertar no seu dia-a-dia na fábrica. O filme mostra o triste quadro que vivemos hoje.
Novos desafios
Vivemos num governo entreguista, neoliberal, lacaio da interferência externa dos EUA e visível adorador do fascismo, personalizado por banqueiros e um pseudo messias Bolsonaro, que mais parece um sanatório do que um governo sério que deseja melhorar as condições da população. Não obstasse isto, vivemos uma pandemia, que não é “uma gripezinha qualquer”, mas que dizima vidas e gera incertezas para muitos trabalhadores.
A missão de preservar os empregos e a fonte do sustento dos trabalhadores durante a crise no mercado de trabalho e a preservação da vida, deve ser lembrada neste dia 1º de maio. Obrigações estas que não estão preocupando nenhum pouco o desgoverno de patifaria que temos hoje, só a luta conjunta dos trabalhadores, pode suscitar melhoras. É hora de olhar o passado, ele mostra muito bem o que nos aguarda se não fizermos absolutamente nada.
Feliz dia do Trabalho e dos Trabalhadores!
Referências Bibliográficas
_A longa jornada dos direitos trabalhistas. Gilberto Maringoni. Disponível em https://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=2909:catid=28&Itemid=23; Acesso realizado em 1º Maio 20;
_Reflexões Sobre Relações De Trabalho E Ideologia Em Karl Marx. Erisvaldo Souza. Disponível em http://eumarxista.blogspot.com/2013/12/reflexoes-sobre-relacoes-de-trabalho-e.html; Acesso realizado em 1º Maio 20;
_Marx e a divisão do trabalho – A alienação do trabalho. Celina Fernandes Gonçalves Bruniera. Disponível em https://educacao.uol.com.br/disciplinas/sociologia/marx-e-a-divisao-do-trabalho-a-alienacao-do-trabalho.htm; Acesso realizado em 1º Maio 20;
_Tempos Modernos, O Filme. Ricardo Santos. Disponível em https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/historia/tempos-modernos-filme.htm; Acesso realizado em 1º Maio 20;
_Reforma trabalhista: um retrocesso dos direitos sociais. Revista Panorama. Disponível em http://panoramainternacional.fee.tche.br/article/reforma-trabalhista-um-retrocesso-dos-direitos-sociais/; Acesso realizado em 1º Maio 20;