Despejo criminal pode deixar famílias de trabalhadores rurais sem terra desastidos

Após 20 anos de produção, juiz manda despejar as famílias do acampamento Quilombo Campo Grande

Foto: comunicação social/MST

Durante audiência realizada na quarta-feira (07), o Juiz Walter Zwicker Esbaille Junior mandou despejar as 450 famílias moradoras da usina falida de cana de açucar em Ariadnópolis, situada em Campo do Meio, MG. Ele deu o prazo de sete dias para desfazer a ocupação.A reintegração arbitrária e ilegal, está prevista para acontecer na próxima terça-feira (13).

Com essa decisão serão destruídos 1.200 hectares de lavoura de milho, feijão, mandioca e abóbora, 40 hectares de horta agroecológica, 520 hectares de café. Além disso, centenas de casas, currais e quilômetros de cerca serão derrubados. Essa ordem destruirá tudo o que as pessoas construíram em duas décadas de trabalho.

Desde 1998, 450 famílias residem e produzem alimentos na antiga Usina Ariadnópolis, em Campo do Meio (MG). A Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (CAPIA) encerrou suas atividades quando faliu, em 1996. A falência quebrou a economia do pequeno município de pouco mais de 11 mil habitantes. E deixou um passivo trabalhista de 8 milhões de reais.

Desde então, o MST organizou 11 acampamentos, que juntos são chamados de “Quilombo Campo Grande”, em homenagem à história dos negros resistentes à escravidão, na divisa entre Minas Gerais e São Paulo. Nos 3.195 hectares de terra, as famílias produzem 510 toneladas de café, possuem 40 hectares de hortaliças plantadas, mil hectares de milho, feijão, mandioca, amendoim e abóbora, entre outros. Elas também plantaram 120 mil arvores, tiram 8 toneladas de mel por ano e investiram milhões em benfeitorias.

Famílias mostram a produção de alimentos orgânicos do Quilombo/ Foto: MST

De acordo com os advogados de defesa das famílias, a decisão é arbitrária e fere princípios constitucionais ao não reconhecer valores de dignidade humana. A audiência aconteceu de maneira atípica. Houve restrição para a entrada da representação das famílias acampadas e impedimento de autoridades que se deslocaram para acompanhar a audiência. Durante a condução do rito o juiz solicitou a presença da tropa de choque dentro da sala. Os representantes do latifúndio, junto com a prefeitura local, propuseram alojar as famílias em um ginásio. Por fim, o Juiz sequer leu a sentença, apenas informou rapidamente a decisão.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, está recorrendo, diante da decisão arbitrária e injusta. Reafirmamos nossa disposição de seguir a luta e resistir a mais essa investida da velha usina.

Sabemos que a veia fascista do projeto eleito ao governo do Brasil vai intensificar o uso de toda máquina do estado para nos criminalizar e segregar o povo sem terra. Assim como o fará nas comunidades urbanas. Mas o povo brasileiro é corajoso e forte. Enfrentamos a ditadura militar desde o nascimento do movimento. É com essa história e com essa coragem que as famílias do Quilombo Campo Grande irão resistir e permanecer nas terras de Ariadnópolis. Não vai ser uma liminar de despejo que apagará tantos anos de luta.

#Lutar! Construir Reforma Agrária Popular!

Fonte: com informações da assessoria de comunicação social do MST

 

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