Por Mino Carta
Segundo as pesquisas, quem Lula apoiar ganha a eleição. Meus botões e eu sugerimos Celso Amorim
Espera aí, dizem meus botões, e se houver eleições? Ocorre que eu tenho manifestado dúvidas a respeito com alguma frequência, movido pela inescapável conclusão de que os golpistas não têm candidato para a Presidência da República. Para evitar a debacle que seriam capazes de inventar? A enésima exceção, mandar às favas o calendário eleitoral.
Olhai, insistem os meus infatigáveis interlocutores, quantos golpistas já se preparam para o pleito, a começar pelos mais graúdos, por exemplo Henrique Meirelles, graniticamente certo de ganhar a próxima convenção do MDB.
Há golpistas aos magotes entre governadores e parlamentares a mirar na reeleição, e outros tantos empenhados em burilar suas candidaturas.
Sugiro reflexão. E o deus mercado que opina? Pois é, informam os botões, há um pessoal da grana que propõe Geraldo Alckmin como candidato único de tucanos e emedebistas, ou seja, a fina flor do poder econômico acredita em eleições.
O próprio ex-governador de São Paulo admite que sua cotação nas pesquisas é baixa, mas prevê a virada com o começo oficial da campanha eleitoral.
E que esperar das gloriosas Forças Armadas? Muitos comentaristas europeus aventam a hipótese de uma intervenção militar. Comentam os botões: não faltam decerto fardados, e de pijama, saudosos de 1964, parece, contudo, que no momento a caserna prefere não se haver com pepinos.
Então, observo com aparente resignação, vamos aguardar a chegada de um capitão, o Bolsonaro admirador de Tio Sam e recém-convertido ao deus mercado.
É cedo, é cedo, é muito cedo, cantarolam os provocadores, e me lembram o coelho do País das Maravilhas visitado por Alice, aquela meninota atrevida. Explicam: à parte o fato de que na próxima semana discute-se em petit comité da casa de diversões chamada STF a prisão de Lula em segunda instância, as pesquisas atribuem ao ex-presidente uma qualidade formidável: quem ele apoiar, mesmo da cadeia, tem imponentes possibilidades de levar o próximo pleito. Depende de quem ele escolher, atalho. E o diálogo se encerra.
Lula continua bem à frente nas pesquisas, soa impossível, porém, que a casa-grande desista do objetivo determinante do golpe, interditar de vez a candidatura do ex-presidente. Mesmo assim, ele continua a ser decisivo, se souber apoiar o candidato certo. Talvez pudesse ser Ciro Gomes, não tivesse ele tomado posições que magoaram Lula profundamente.
Fonte: Carta Capital