Contra o despejo de famílias do Quilombo Campo Grande: no meu bule não!

Famílias do acampamento Quilombo Campo Grande procuram apoio na Assembleia Legislativa de Minas Gerais

Foto: MST

Na iminência do despejo o MST resiste com apoio da sociedade, busca na justiça reverter a liminar e clima em Campo do Meio é de angústia e indignação

Na manhã desta quinta-feira (22), a Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) recebe os acampados da usina falida Ariadnópolis, para uma audiência sobre o despejo.

As famílias denunciam os interesses econômicos do barão do café da atualidade, João Faria. De acordo com as informações do processo, a empresa do fazendeiro quer arrendar a terra para expandir seu cafezal. Uma das plantações de João Faria faz divisa com a área do acampamento. Para o Juiz Walter Zwicker Esbaille Junior, justificaria a destruição da produção de 20 anos das famílias sem terra, suas casas e benfeitorias, totalizando um investimento de mais de R$ 28 milhoes de reais para a produção e moradia destas famílias.

Diligência de deputados federais

Para acompanhar de perto o impasse, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados fará uma diligência, na próxima segunda-feira (26), ao acampamento, seguida de audiência pública com os agricultores e sociedade civil.

Participam do encontro os deputados federais Valmir Assunção (PT/BA), Luiz Couto (PT/PB), João Daniel (PT/SE), Padre João (PT/MG) e o estadual mineiro Rogério Correia (PT). Também fazem parte da diligência Gabriel Rocha, secretário de Direitos Humanos de Minas Gerais e Afonso Miranda, procurador de justiça do Ministério Público/MG.

Foto: MST

 

Duas décadas de resistência

Os agricultores do MST vivem desde 1998 na área da usina Ariadnópolis, da Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (CAPIA), que faliu e encerrou suas atividades em 1996 – embora possua dívidas trabalhistas que ultrapassam os R$ 300 milhões.

Segundo levantamento do MST, o acampamento Quilombo Campo Grande conta com 40 hectares de horta, 60 mil árvores nativas e 60 mil árvores frutíferas, além da produção de oito toneladas de mel. A safra anual de café chegou a 510 toneladas. As famílias produzem sem o uso de agrotóxicos, de forma agroecológica ou em transição.

Entre 2017 e 2018, as famílias sem-terra produziram mais de 8.500 mil sacas de café, 55 mil sacas de milho e 500 toneladas de feijão, além de uma variada produção de hortaliças, verduras, legumes, galinhas, gado e leite.

Entenda o caso

O Decreto Estadual n.º 365/2015 desapropriava 3.195 hectares da falida Usina Ariadnópolis. O documento tinha como proposta desapropriar a área mediante o pagamento de R$ 66 milhões aos empresários. Há dois meses, as famílias do Quilombo Campo Grande chegaram a firmar um acordo em que o Estado se comprometia a pagar o valor em cinco parcelas.

Porém, acionistas da empresa, apoiados pela bancada ruralista e latifundiários da região, não aceitaram o acordo e levaram o caso à Justiça contra o governo de Minas Gerais, pedindo anulação do decreto, que já havia sido validado por dois julgamentos.

Através de uma operação jurídica, os empresários retomaram uma liminar de despejo de 2012 referente à falência da usina e estava parada há mais de um ano. Foi justamente essa a liminar aprovada pelo juiz Esbaille Junior no último dia 7, e que será objeto da audiência nesta quinta.

#NoMeuBuleNão

Fonte: comunicação social/MST

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