Hadad denuncia a elite do atraso no Brasil

“A elite é majoritariamente atrasada, tanto é que parte dela acha natural um candidato como o Bolsonaro à Presidência. Não é com essa que vamos dialogar. Há setores indignados com isso. Consideram não só a candidatura do Bolsonaro, mas a própria candidatura do Alckmin, encorpada pelo chamado centrão, que é o que tem de mais fisiológico no país, como um atraso. Queremos conversar com a elite que tem essa visão de futuro”, aponta o coordenador do programa de Lula

Foto: Rafael Ribeiro

O coordenador do programa de governo do PT, o ex-prefeito Fernando Haddad, afirma que as propostas do PT para o virtual mandato de Lula estão alinhadas com o que há de mais moderno há na gestão pública internacional e seguem uma linha liberal. Haddad cita a liberdade, de imprensa e de mercado, que marcou os 12 anos de governos soberanos do PT. O ex-ministro da educação ainda afirma que há duas elites no Brasil e que uma delas é atrasada. Ele acrescenta: não é essa elite atrasada que merecerá nossa interlocução, mas a progressista e democrática.

Haddad concedeu entrevista ao jornal Folha de S. Paulo e esclareceu diversos pontos do programa de governo coordenado por ele. O programa contou com a colaboração de Marcio Pochmann  e Renato Simões.

Sobre os mandatos fixos no judiciário propostos pelo programa de governo, Haddad diz que “é comum nos países desenvolvidos fixar mandato para as cortes constitucionais. Uma pessoa que é indicada aos 40 para permanecer num tribunal até os 75 anos talvez não dê a agilidade necessária para que os tribunais atualizem jurisprudência. Não tem nada nesse programa que não tenha amparo nas mais ricas experiências. Na questão da concessão dos meios de comunicação, as duas principais influências foram EUA e Inglaterra. Tanto é verdade que esse tipo de regulação liberal tem o apoio de um veículo como a Folha de S.Paulo. Acho que a Folha não pode ser considerada exatamente um órgão de esquerda.”

Haddad menciona ainda o que será feito no quesito regulação econômica. Ele diz que “no Brasil, temos a política se imiscuindo demais na comunicação. Queremos isolar mais o mundo político-partidário do mundo da comunicação. Para garantir mais pluralismo, contraditório e liberdade de expressão. Existe uma agenda que é impedir a propriedade cruzada, a concentração vertical e a concentração horizontal.”

O ex-ministro afirma que a regulação da mídia, outra proposição do programa de governo do PT, não tem a ver com controle de conteúdo: “não é um controle de conteúdo. A direita patrimonialista vai tentar vender como censura. Mas contamos com órgãos mais isentos como a Folha para defender o nosso ponto de vista, que é liberal. Temos muita maturidade. Governamos o Brasil 12 anos em clima de total liberdade.”

Sobre o diálogo com as elites do país, Haddad afirma que “há setores modernos. Mas a elite é majoritariamente atrasada, tanto é que parte dela acha natural um candidato como o Bolsonaro à Presidência. Não é com essa que vamos dialogar. Há setores indignados com isso. Consideram não só a candidatura do Bolsonaro, mas a própria candidatura do Alckmin, encorpada pelo chamado centrão, que é o que tem de mais fisiológico no país, como um atraso. Queremos conversar com a elite que tem essa visão de futuro.”

Diante do fato de o PT contar com um candidato que está preso, Haddad declara: “as pessoas não veem o Lula. As pessoas sentem o Lula. Vá nas periferias das cidades, no campo. Vá no Nordeste. As pessoas sabem quem é o Lula. Faça pesquisas sobre o que está acontecendo. As pessoas perguntam se o Lula está sendo perseguido. 75% respondem que sim.”

Fonte: Brasil 247

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