Dia do Basta: Centrais organizam paralisações contra retirada de direitos

Protestos deste dia 10 de agosto devem reforçar candidatura de Lula como alternativa ao golpe parlamentar de 2016

Foto: Eduardo Bernardes/ Brasil de Fato

Oito centrais sindicais e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo organizam, nesta sexta-feira (10), o “Dia do Basta” em todo o País. Paralisações, atrasos de turnos, atos em portas de fábrica e locais de grande circulação, são algumas das atividades previstas para a jornada de luta.

A iniciativa, aprovada em 6 de junho passado, no Fórum das Centrais, busca sensibilizar os trabalhadores, levando a discussão aos locais de trabalho, mobilizando as bases sindicais e os movimentos sociais em protesto contra o desemprego e a retirada de direitos sociais. “O eixo comum entre as centrais é a defesa dos direitos trabalhistas, Previdência e contra o desemprego”, pontua Júlio Turra, dirigente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Joanne Mota, assessora da presidência da Central de Trabalhadores do Brasil (CTB), disse que há um cunho orientativo na programação do 10 de agosto. “É quase uma campanha permanente que o Forum das Centrais está querendo inaugurar a partir de 10 de agosto, com paralisações nos locais de trabalho, para fazer panfletagens e um corpo a corpo de orientação do que é esse dia do Basta pelo país. E nas ruas, com a parceria dos movimentos sociais, em especial a Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo, com manifestações de protesto do que é a agenda do conjunto dos movimentos”, esclarece.

Há autonomia entre as centrais para agregar outros temas prioritários, não restritos à ordem sindical. “A CUT agrega: basta de privatizações, basta de cortes dos investimentos públicos, a Emenda Constitucional 95, que congela por 20 anos os gastos e basta de perseguição judicial ao Lula”, acrescenta Turra.

”Em São Paulo, vai ter uma manifestação que começa às 10h, o pico ao meio-dia, em frente a Fiesp, que deve juntar a militância de todas as centrais e movimentos populares parceiros, em particular aqueles [que compõem] a Frente Brasil Popular”, orienta o cutista.

Os protestos deste dia 10 de agosto devem reforçar como alternativa à crise após o golpe de 2016, que destituiu a presidenta Dilma Rousseff da Presidência, a liberdade e direito de Lula concorrer às eleições como candidato à Presidência, com o “compromisso de revogar as medidas do governo golpista e convocar Assembleia Constituinte” para fazer as reformas necessárias ao fortalecimento da democracia, à retomada do crescimento, à geração de emprego de qualidade e à promoção de um novo ciclo de desenvolvimento sustentável.

“Esperamos que haja uma boa resposta das bases sindicais, porque para a CUT, em particular, isso [mobilização] funciona como um esquenta para as caravanas a Brasília, no dia 15 de agosto, da inscrição da candidatura do Lula”, detalha, ao esclarecer que cada estado realizará atos durante todo o dia.

Conforme as direções da CUT e CTB, a expectativa com a jornada é também contribuir para que o eleitor vote em candidatos comprometidos com a agenda dos trabalhadores. Em julho, representantes das centrais entregaram aos candidatos e líderes partidários um documento com a “agenda prioritária da classe trabalhadora”, pontuando propostas para o próximo governo.

O documento pede a revogação da reforma trabalhista e da Emenda Constitucional 95, a estabilização na política de preços da Petrobras e do aumento dos preços dos combustíveis.

CUT, CTB, Força Sindical, UGT, Nova Central, CSB, Intersindical e Conlutas são as centrais que organizam as atividades que levam as seguintes palavras de ordem: Basta de Desemprego, Basta de Aumento do gás de cozinha e combustíveis, Basta de retirada de direitos, Basta de privatizações.

Basta de desemprego

Conforme dados do Instituto Brasileiros de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação que atingia 6,5 milhões de pessoas, no final de 2014, mais que dobrou em maio de 2018, registrando 13.2 milhões de desocupados (taxa de desocupação de 12,7%).

A taxa de subutilização da força de trabalho (que agrega os desocupados, os subocupados por insuficiência de horas – menos de 40 horas semanais – e os que estão no desalento) subiu para 24,7%, o que representa 27,7 milhões de pessoas.

O Brasil tem hoje 4,6 milhões de trabalhadores e trabalhadoras que sequer têm forças para procurar uma vaga no mercado de trabalho, depois de meses e meses de tentativas frustradas. A maioria (60,6%) vive na Região Nordeste, onde 2,8 milhões de trabalhadores estão desalentados.

O tempo gasto para uma pessoa obter uma nova colocação também dobrou: passou de 23 semanas em março de 2014 para 47 semanas em março de 2018. Com isso, vem aumentando a precarização das condições de trabalho no Brasil.

Basta de aumento dos combustíveis

Desde a implementação da nova política de preços da Petrobras pelo governo Michel Temer, a gasolina aumentou em mais de 31%, o etanol em 22,6%, o diesel 14.3%, o botijão de gás 17,2%, de acordo com informações da CUT.

O preço da gasolina subiu 50,04% e o diesel 52,15%, a partir de abril de 2017. O que corresponde 25 vezes a inflação média no período, que foi de 2%.

Basta de retirada de direitos sociais

A terceirização irrestrita e a reforma trabalhista, aprovadas durante o governo Temer, retiraram direitos, precarizaram as condições de trabalho, fragilizaram os sindicatos e dificultaram o acesso à Justiça do Trabalho.

O rendimento médio dos ocupados caiu 13% na Região Metropolitana de São Paulo, 14% na Região Metropolitana de Salvador e 18% na Região metropolitana de Porto Alegre.

Basta de privatização

Os organizadores do Dia do Basta denunciam a política de subordinação aos interesses das empresas multinacionais e de redução do papel do Estado na economia, que vem sendo empreendida pelo governo Temer.

Houve mudanças no regime de exploração do pré-sal, autorizando a entrega de áreas estratégicas de exploração às petrolíferas estrangeiras.

Em julho, a Câmara dos Deputados aprovou a venda de seis distribuidoras de energia da Eletrobras. Aprovaram também um artigo que garante ao novo proprietário uma base maior de lucro. As distribuidoras dos estados do Acre, Alagoas, Amazonas, Roraima, Rondônia e Piauí poderão ser vendidas por apenas R$ 50 mil cada uma. E a Eletrobras vai assumir uma dívida de mais de R$ 11 bilhões para que eles tenham mais lucros.

Mobilizações previstas

O ato na avenida Paulista deve contar com a participação de caravanas de trabalhadores metalúrgicos do ABC, do serviço público de Campinas, Jaguariúna, São José dos Campos e Ribeirão Preto. No entanto, a partir da zero hora já há atividades programadas.

Os metalúrgicos do ABC iniciam as mobilizações às 5h, com uma assembleia no pátio da Mercedes-Benz. Depois, trabalhadores e trabalhadoras das fábricas da região se dirigem à Avenida Paulista, onde às 10h tem um ato unificado, em frente a sede da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), com categorias como: bancários, servidores públicos, químicos, petroleiros e eletricitários.

No interior do estado e na Grande São Paulo, os trabalhadores dos transportes, ligados a sindicatos filiados à Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL), iniciam paralisação das atividades da zero hora até às 8h da manhã.

Os petroleiros de São Paulo irão fazer atrasos de turnos, diálogo com toda a categoria nas refinarias e também ato em frente ao escritório da Petrobras, na Avenida Paulista.

Às 10 horas haverá a concentração do ato unificado das centrais sindicais em frente a Fiesp, na Avenida Paulista, 1313.

Fonte: Brasil de Fato

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