Segundo o sindicato, não há prazo para o fim da paralisação na estatal
A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (FENTECT) anunciou que os trabalhadores da estatal de todo o País entraram em greve nesta segunda-feira 17.
Os grevistas alegam “negligência com a saúde dos trabalhadores” durante a pandemia e a possibilidade de privatização da empresa. Segundo a entidade, não há prazo para o fim da paralisação.
“Foram retiradas 70 cláusulas com direitos como 30% do adicional de risco, vale alimentação, licença maternidade de 180 dias, auxílio creche, indenização de morte, indenização de morte, auxílio para filhos com necessidades especiais, pagamento de adicional noturno e horas extras”, diz o texto publicado no site da federação.
A entidade afirma ainda que desde julho os sindicatos tentam dialogar com a direção dos Correios sobre os pedidos, mas sem sucesso.
Os Correios não pretendem suprimir direitos dos empregados. A empresa propõe ajustes dos benefícios concedidos ao que está previsto na CLT e em outras legislações, resguardando os vencimentos dos empregados.
Sobre as deliberações das representações sindicais, os Correios ressaltam que a possuem um Plano de Continuidade de Negócios, para seguir atendendo à população em qualquer situação adversa.
No momento em que pessoas e empresas mais contam com seus serviços, a estatal tem conseguido responder à demanda, conciliando a segurança dos seus empregados com a manutenção das suas atividades comerciais, movimentando a economia nacional.
Desde o início das negociações com as entidades sindicais, os Correios tiveram um objetivo primordial: cuidar da sustentabilidade financeira da empresa, a fim de retomar seu poder de investimento e sua estabilidade, para se proteger da crise financeira ocasionada pela pandemia.
A diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações da Fentect, por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período – dez vezes o lucro obtido em 2019. Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida.
Respaldados por orientação da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST), bem como por diretrizes do Ministério da Economia, os Correios se veem obrigados a zelar pelo reequilíbrio do caixa financeiro da empresa. Em parte, isso significa repensar a concessão de benefícios que extrapolem a prática de mercado e a legislação vigente. Assim, a estatal persegue dois grandes objetivos: a sustentabilidade da empresa e a manutenção dos empregos de todos.
Bolsonaro defende privatização
Embora seja um defensor da privatização dos Correios, o presidente Jair Bolsonaro reconhece as dificuldades.
“A gente pretende [privatizar]. Se eu pudesse privatizar hoje, privatizaria, mas eu não posso prejudicar o servidor dos Correios”, declarou em janeiro.
“Vocês sabem, o Supremo Tribunal Federal decidiu que as empresas-mães, a privatização tem que passar pelo parlamento. E você mexe nas privatizações com dezenas de milhares de servidores. É um passivo grande, você tem que buscar solução para tudo isso.”
“Você não pode jogar os caras para cima. Eles têm que ter as suas garantias, você tem que ter um comprador para aquilo, é devagar. Você tem o TCU com lupa em cima de você. Não são fáceis as privatizações, não são fáceis”, disse.
Baixas no governo
A demora nas privatizações fez com que Salim Mattar, ex-Secretário de Desestatização e Privatização, deixasse o cargo na terça-feira 11.
De acordo com o ministro da Economia, Paulo Guedes, Mattar se demitiu por “insatisfação com o ritmo de privatização”.
“O que ele me disse é que é muito difícil privatizar. Que o establishment não deixa haver a privatização. Que é tudo muito difícil, tudo muito emperrado, que tem que ter um apoio mais definido, mais decisivo”, afirmou o ministro.
Fonte: Carta Capital