Bolsonaro diz que TV Escola “deseduca” e chama Paulo Freire de “energúmeno”

Presidente disse que TV Escola tinha ‘programação totalmente de esquerda’ ao justificar cancelamento de contrato

Foto: Nossa Politica

O presidente Jair Bolsonaro chamou, nesta segunda-feira 16 pela manhã, a programação da TV Escola de “totalmente de esquerda” e voltou a atacar o educador Paulo Freire, chamando-o de “energúmeno”

“TV Escola? Você conhece a programação da TV Escola? Deseduca”, disse Bolsonaro. O presidente ainda rebateu críticas em relação à política cultural de seu governo. “Tem um pessoal aproveitando, [dizendo] ‘Querem acabar com a cultura’. Esse tipo de cultura eu vou acabar”, afirmou.

As críticas foram feitas na saída do Palácio da Alvorada, quando Bolsonaro costuma responder a jornalistas. Na sexta-feira 13, foi confirmado que o contrato com a Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), gestora da TV Escola, não seria renovado para 2020.

De acordo com o ministro Abraham Weintraub, da pasta da Educação, o motivo da suspensão foi redução de custos. Bolsonaro, por outro lado, criticou o conteúdo da TV por ter uma “programação totalmente de esquerda”.

No entanto, os conteúdos da TV Escola estavam seguindo certos parâmetros bolsonaristas. No dia 9 de dezembro, estreou no canal a série “Brasil: a Última Cruzada”. A série, que quer dar uma outra interpretação para os fatos históricos, teve no primeiro episódio o autoproclamado filósofo Olavo de Carvalho como um dos entrevistados.

Bolsonaro, porém, voltou a atacar o educador Paulo Freire como justificativa para números ruins na educação brasileira.

“Tem muito formado aqui em cima dessa filosofia desse Paulo Freire da vida, esse energúmeno aí, ídolo da esquerda. Olha a prova do Pisa, estamos em último lugar do mundo”, disse o presidente, citando um dado equivocado em relação ao ranking mundial de educação – apesar da posição ruim, o Brasil ficou na 59ª posição entre 79 países.

Em nota, a Acerp afirma que os dados divulgados por Bolsonaro e Weintraub – de que os contratos com a TV Escola gerariam em torno de 500 milhões de reais – foram misturados “para confundir o povo brasileiro”.

“A proposta de um novo contrato com a Acerp previa um investimento ao redor de 70 milhões de reais por ano na TV Escola, muito próximo do valor previsto para 2019, quantia essa que compromete apenas 0,06% do orçamento do MEC previsto para este ano, segundo o Portal da Transparência. Os conselheiros do ministério, em uma reunião no mês de novembro, votaram a favor da renovação com esse mesmo valor”, disse a empresa.

Fonte: Carta Capital

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