A “faca na caveira” acima da Saúde: a militarização do ministério em uma imagem

A “faca na caveira”, simbolo usado por diversas tropas especiais, passou a ser ostentada pelo número 2 da pasta de Saúde, o coronel Elcio Franco. O símbolo vem acima do broche do ministério da saúde, numa expressão gráfica do que se tornou a pasta sob o governo Bolsonaro e em tempos de pandemia.

Foto: Esquerda Diário

A “faca na caveira”, ficou famoso depois da exibição do filme Tropa de elite, onde retrata todo o fascismo da polícia do Rio de Janeiro, e vem sempre associado a morte, quase sempre de pessoas da comunidade e negros, hoje é idolatrado por integrantes do governo Bolsonaro.Cabe lembrar que um principais símbolos ostentatos pelas tropas Nazistas da SS eram caveiras (apenas coincidência? até quando iremos pensar assim???)

Caveira usada em soldado nazista da SS. Foto: Hoje na História

No contexto da pandemia, o ministério da Saúde tornou-se uma área chave da atuação do governo Bolsonaro. Por isso, passou a ser o centro de diversas das crises políticas do governo. Em menos de 1 mês, 2 ministros da pasta caíram por não estarem a altura do negacionismo e do genocídio que Bolsonaro quer promover com suas políticas a frente da pasta.

A solução de Bolsonaro foi oficializar no comando da pasta o até então interino, e já número 2 na área, general Eduardo Pazuello. As primeiras iniciativas do novo comandante foi acatar o desejo do presidente alterando o protocolo para uso da cloroquina e nomear mais uma série de militares para os cargos do ministério da saúde, substituindo conhecimento técnico por hierarquia e experiência na repressão.

A mais recente nomeação foi para o cargo de número 2 da área, o coronel das Forças Especiais do Exército Elcio Franco, que atuou junto com Pazuello na xenófoba Operação Acolhida com o intuito de impor ordem na crise de migração de venezuelanos em Roraima. Elcio Franco, membro de uma tropa especial, passou a ostentar nas reuniões broches militares, como a “faca na caveira” e o punhal do Exército, acima do broche do próprio ministério. Saíram o colete do SUS hipocritamente usado por Mandetta, um lobbista das empresas de saúde, ou os finos ternos de Teich, um empresário da saúde, para dar lugar a faca na caveira do coronel Franco.

A imagem é simbólica dos propósitos dos militares no comando, controle e repressão acima da saúde. Ao invés de medidas sanitárias urgentes – como realização de testes massivos, centralização do sistema de saúde-, o que trouxeram os militares até agora para a área foi obscurantismo e censura, sendo o mais recente exemplo a mudança na divulgação dos dados de mortes e casos confirmados, que passaram a ocultar o registro total da série histórica de mortes.

Nada distante da tradição das Forças Armadas brasileiras. Durante a Ditadura Militar, entre os anos de 1971 e 1975, ocorreu um grande surto de meningite no país. A decisão da Ditadura foi encobrir os dados por mais de 2 anos, negando que houvesse uma epidemia. Somente quando os casos saíram da periferia para os centros urbanos que os militares decidiram combater o surto.

Essa é a tradição das Forças Armadas. A expertise que os generais e coronéis trazem para o ministério da Saúde é a experiência na repressão e controle das explosões sociais, que já vemos evoluindo por todo mundo e desembarcando no Brasil. Bolsonaro, Mourão e os militares com suas respostas criminalizando o movimento antifascistas que vemos se erguer, chamando a reprimir com as “barras da lei”, se preparam para desempenhar esse papel. Por isso levantamos o grito por Fora Bolsonaro, Mourão e os militares! Não basta trocar um nome, é preciso passar a limpo o regime brasileiro, cuja degradação vemos em marcha desde o golpe institucional, mas que mesmo o processo constituinte de 88, com a anistia e toda a tutela dos militares, preservou o autoritarismo militar que agora se ergue novamente. Por isso, defendemos uma nova Assembleia Constituinte Livre e Soberana, na qual seja o povo a decidir, em que se expresse um programa da classe trabalhadora para dar conta da crise sanitária, econômica e política.

Fonte: Esquerda Diário

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