Antes de Bolsonaro, apenas Maduro havia tido postagem apagada pelo Twitter
Dois tuítes publicados na conta oficial do presidente Jair Bolsonaro, em que ele questionava as medidas de isolamento social para conter a propagação do novo coronavírus, foram apagadas pela plataforma na noite deste domingo 29, sob o argumento de que violavam as regras desta rede social.
Bolsonaro havia publicado três vídeos em que desrespeitava as orientações do Ministério da Saúde e passeava, neste domingo, por Brasília, aproximando-se de apoiadores, e reforçando seu chamado para romper a quarentena. Duas das três publicações foram apagadas esta noite.
“O Twitter anunciou recentemente, em todo o mundo, a expansão de suas regras para abranger conteúdos que forem eventualmente contra informações de saúde pública orientadas por fontes oficiais e possam colocar as pessoas em maior risco de transmitir a Covid-19”, diz um comunicado da plataforma.
“O que eu tenho conversado com o povo é que eles querem trabalhar. Vamos tomar cuidado, maior de 65 fica em casa”, diz Bolsonaro a um vendedor ambulante em um dos vídeos apagados. “A morte está aí, mas se Deus quiser. Só não pode ficar parado, se não morrer da doença, vai morrer de fome, responde o vendedor a Bolsonaro, que afirma: “Não vai morrer.”
O presidente, 65, também promoveu o uso da hidoxicloroquina para tratar a Covid-19. Apoiando-se em “um estudo de uma entidade francesa”, Bolsonaro afirmou que o remédio “é uma realidade”. Consultada, sua assessoria não informou a qual estudo Bolsonaro fez referência.
Em um quarto vídeo publicado, o presidente questiona a quarentena defendida por governadores e alguns prefeitos como medida para evitar a propagação do vírus: “Esse isolamento horizontal, se continuar assim, lá na frente, com a brutal quantidade de desemprego, teremos um problema seríssimo e vai levar anos para ser resolvido”, diz Bolsonaro, nos arredores da residência oficial.
“O Brasil não pode parar. Se o Brasil parar, vira uma Venezuela”, afirma, posteriormente. “Vamos enfrentar o vírus com a realidade, é a vida, todos nós devemos morrer um dia.”
Antes de Bolsonaro, apenas o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, teve uma postagem apagada pelo Twitter. No caso do venezuelano, a postagem apagada indicava uma receita caseira de uma bebida que poderia ser útil para curar a doença.
Fonte: Carta Capital