Show de horrores: conheça os 9 Ministros cotados por Bolsonaro

Corruptos, escravistas, defensores de educação por Whatsapp, magnatas e militares estão entre os já 9 indicados, dos 15 Ministérios, com os quais Bolsonaro pretende governar na Esplanada. Segundo o capitão, não haverá mais a necessidade de 29 ministérios, e os cargos não estão em negociação

Foto: Esquerda Diário

O mais cotado para Chefe da Casa Civil (o ministro mais importante da Esplanada), que também se encarregará das relações com o Legislativo (Câmara dos Deputados e Senado), é o golpista recentemente reeleito Deputado Federal Onyx Lorenzoni (DEM – RS), corrupto confesso por ter recebido R$100mil dos irmãos Batista da JBS, citado também na delação da Odebrecht e tendo seu processo arquivado sem investigações pelo Ministro do STF Luiz Fux, o mesmo que vetou arbitrariamente o direito de Lula dar entrevista, direito já concedido a condenados por crime lesa humanidade. Lorenzoni, ligado a Cosan, um dos maiores grupos ecooômicos privados do agronegócio do país, também recebeu financiamento para sua recente campanha de fazendeiros e executivos flagrados empregando trabalho escravo, que doaram a quantia de 10,7$ milhões de reais tirado das minímas condições de dignidade de vários trabalhadores. O possível Ministro também foi o relator na Câmara dos Deputados do projeto “Dez Medidas de Combate à Corrupção” (sic), que nasceu da seletiva, arbitrária e golpista Operação Lava Jato.

Para o Ministério da Educação, que deve abarcar os da Cultura e dos Esportes, o favorito é nada menos que a principal referência em Ensino a Distância no país, o empresário Stravos Xanthopoylos, presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) e Ex-diretor da FGV Online. Junto com Bolsonaro, elaborou a absurda proposta de que o ensino público brasileiro seja a distância, desde o Ensino Fundamental. Afirma que se ele próprio colabora com a campanha, e se comunica no dia a dia, pelo whatsapp, “por que não incorporar no processo educacional?”. Com o falso discurso de que assim a educação seria mais acessível para os pobres do campo, quer retirar o direito de todas as crianças ao convívio escolar e o acompanhamento pedagógico presencial de um profissional qualificado. Para ele, os professores estariam bem melhor como “curadores de conteúdo” do novo sistema de ensino do século XXI, adaptado às novas relações de trabalho modernas (leia-se flexibilizadas e precarizadas à la Reforma Trabalhista), do que em sala de aula falando sobre minorias. O “candidato a Ministro” repudia as cotas raciais, o debate de gênero, e é defensor intransigente do Escola Sem Partido. Stravos afirmou à GloboNews não se opor a militarização das escolas enquanto ainda não sejam substituídas pelo sistema educacional via whatsapp. Sistema que, não por acaso, deve ser desenvolvido e implantado por grupos ligados ao capital imperialista norteameriano, do qual ele próprio faz parte, como o “The Open Education Consortium“, entre outros para o qual ele próprio presta consultoria através de sua empresa internacional SPX Consultoria Empresarial, abocanhando assim milhões dos cofres públicos.

O Ministério da Saúde deve ser assumido pelo milionário pecuarista Henrique Prata, Diretor-Geral do Hospital de Amor de Barretos, que já declarou aceitar o cargo. Dono de uma das maiores fortunas do negócio do gado do Centro-Oeste e do país, Prata é um magnata influente e maior referência do modelo de saúde privada financiada pelo dinheiro público, o famoso hospital de Barretos é administrado pela Fundação Pio XII, do próprio empresário, e é sustentado pelo dinheiro de grandes empresários e uma gorda verba pública de milhões mensalmente. Inspirado em modelos americanos, baseado na gestão privada e na terceirização do trabalho, é o homem perfeito para, ao invés de aplicar o dinheiro público necessário no serviço público, passar os hospitais públicos do país para as mãos de OS’s e Fundações, que visam tornar a saúde fonte de lucro e não um direito social, e que via de regra, estarão muito mais próximo da precarização que vemos na quase totalidade dos hospitais desse modelo, do que da excepcionalidade que é o hospital gerenciado pelo empresário.

Como não poderia faltar, o hall de reacionários inimigos dos trabalhadores é composto por ao menos três militares. O assessor de Bolsonaro, e General da Reserva Augusto Heleno, é indicado para o Ministério da Defesa. A primeira vez, desde a redemocratização do Brasil, que um militar assumiu tal Ministério foi no governo golpista de Temer. Agora, vai assumir a pasta o General que comandou a operação “de paz” no Haiti, parceria do Governo do PT com a ONU em 2004, que consumia quase R$1 bilhão do orçamento nacional, e que deixou ao final de seus 13 anos um saldo de milhares de negros mortos e mulheres estupradas ou obrigadas a se submeterem ao abuso por um prato de comida. Na intervenção no RJ, seu modelo de “segurança pública” para o Brasil, Heleno defende total liberdade para o exército matar nas favelas, com garantias de que não haja nenhuma comissão da verdade, pois sem isso os resultados seriam “pífios”. Essa será a “defesa” do governo Bolsonaro, a maior repressão possível, em especial para os negros e pobres, para garantir a aplicação das reformas e dos planos draconianos dos demais ministros.

O segundo militar é Osvaldo Ferreira, General quatro estrelas da reserva, escolhido para comandar o Ministério dos Transportes, aparentemente o reacionário tem sido uma espécie de articulador político do Bolsonaro em Brasília, supostamente para auxiliar na construção de um plano de governo, sem dúvidas ao gosto das Forças Armadas, e de seu verdadeiro Comandante-em-Chefe que é a Casa Branca dos EUA ao qual querem garantir a subordinação do Brasil. O defensor da ditadura, do qual ele mesmo fez parte, participou nesse período da construção da criminosa BR-163, e se orgulha de ter acompanhado o vasto desmatamento “desde a primeira árvore”, e de ter sido parte do massacre de comunidades indígenas para roubar suas terras e abrir espaço à rodovia conhecida como Cuiabá-Santaréb. Por fim, mas não menos reacionário, o Tenente-coronel da Reserva da Força Aérea Brasileira e astronauta Marcos Pontes, para chefiar o Ministério de Ciência e Tecnologia. Suplente do recém eleito Senador Major Olímpio, líder do PSL e da campanha de Bolsonaro, Pontes defende a liberação do porte de armas, a venda das reservas indígenas, o encarceramento da juventude negra, e provavelmente será um homem de ferro para aplicar os investimentos “tecnológicos” necessários para aumentar a repressão e perseguição aos ativistas e movimentos sociais que ele tanto odeia.

A possível nomeação do ruralista Nabhan Garcia, presidente da UDR (União Democrática Ruralista), para o Ministério da Agricultura e Meio Ambiente chega a soar como uma piada de muito mal gosto. Infelizmente será a realidade que teremos que encarar se a vitória de Bolsonaro se concretizar no dia 23 desse mês. Garcia é um dos homens de confiança do presidenciável, além de seu cabo eleitoral, conhecido por ser uma liderança do agronegócio contra o movimento sem terras, os indígenas e os quilombolas, e acusado de organizar milícias no campo para ataca-los. Uma de suas propostas mais importantes é o fim das multas por desmatamento, que pra o latifundiário não passa de uma forma de “arrecadar dinheiro para a União”, além de defender a necessidade de acabar com a Funai, o Ibama e o Ministério Público, por supostamente não respeitarem a propriedade privada dos megalatifundiários. Aparentemente, o Meio Ambiente não foi ainda incluído na lista de preocupações do novo Ministro.

O presidente interino do PSL e braço direito inseparável de Bolsonaro, o advogado Gustavo Bebianno, é o Ministro da Justiça dos sonhos da eventual Esplanada dos Horrores, mas que ainda não aceitou a honraria. Uma espécie de fanático por Bolsonaro, tendo se articulado por anos para chegar ao militar, Bebianno é declaradamente contra os direitos humanos e as liberdades democráticas, ator do golpe institucional desde o início das articulações, declarou em vídeo divulgado pelo “O Globo” que não tem problema com opção sexual, o que o faz “perder a razão” é “ser viadinho”. Para ele, é preciso fazer política “na base da porrada”, pois o Brasil “precisa ser pacificado”. Defensor de agilizar as vias legais para que a Reforma da Previdência seja encaminhada com Temer ainda em 2018 (desacordo com o colega Onyx, Chefe da Casa Civil, que a vê como muito branda), Bebianno anunciou à agência Reuters que a Petrobrás será privatizada, mas só depois de tirar todos petistas da gestão, prioridades.

O já conhecido “Posto Ipiranga” de Bolsonaro, Paulo Guedes, escravista e testa de ferro do plano econômico de Bolsonaro, assumiria a pasta do Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento, que pode agregar ainda o Comércio Exterior. Com grande poder concentrado em suas mãos, Guedes, para governar pro grande capital contra os trabalhadores, já está preparando um time de mega empresários composto por Alexandre Bettamio, presidente executivo para a América Latina do Bank Of America, João Cox presidente do conselho de administração da TIM, e Sergio Eraldo de Salles Pinto, da Bozanno Investimentos (gestora de investimentos presidida pelo próprio Guedes). Para a Folha de SP, defendeu que é preciso privatizar tudo).

“Por que não vender os Correios? A Petrobrás?”, a vontade de Bolsonaro é pelo que menos 50 estatais passem para a mão de empresários no primeiro ano. Segundo Guedes, essa é a melhor forma de garantir o pagamento da fraudulenta e ilegítima dívida pública, e assim a passagem de bilhões do dinheiro público para banqueiros. Suposto paladino contra a corrupção, o empresário dono de diversas empresas que seriam favorecidas num governo Bolsonaro, foi recentemente apontado pela Justiça Federal de participar com uma delas de uma fraude milionária que roubou dinheiro público dos fundos de pensão do BNDES. Não surpreendentemente, as investigações de sua fraude bem sucedida não avançaram.

A má notícia é que ainda faltam 6 nomes para completar o time selecionado a dedo para operar um verdadeiro massacre aos trabalhadores e setores oprimidos do nosso país. A boa, é que todo esse plano nefasto pode encontrar uma pedra intransponível no meio do caminho, a resistência das trabalhadores e trabalhadores encabeçando a luta dos pobres e oprimidos contra esse avanço sem precedentes dos empresários sobre os nossos direitos e nossas vidas.

Nós do Esquerda Diário e do MRT que temos nos posicionado firmemente contra a extrema direita, mas, apesar de acompanharmos todos os setores que repudiam Bolsonaro e seu grupo de defensores da escravidão do povo e da volta à Ditadura Militar no voto crítico à Haddad, alertamos que o PT é totalmente impotente para enfrentar essa situação catastrófica. Depois de governar com os empresários da direita, assimilar a corrupção e atacar os trabalhadores abriu espaço pro golpe institucional. Sua estratégia de canalizar toda a resistência para as urnas, sufocando todos os grandes sindicatos que dirige ao lado do do PCdoB de Manuela D’Avila, fracassou frente o golpe, a Lava-Jato e só serviu para nos trazer diretamente às portas da vitória de Bolsonaro.

Para estar à altura de enfrentar e derrotar Bolsonaro e seu bloco reacionário, é preciso organizar imediatamente em todos os lugares, postos de trabalho, universidades e escolas, uma força militante através de comitês de base. Que imponha a essas Centrais Sindicais traidoras a convocação de assembleias e a unificação de todas as trabalhadoras e trabalhadores em uma frente única, uma força gigante que retome a confiança dos trabalhadores que hoje caem nas mentiras de Bolsonaro mas nada tem em comum com ele, e que mostre a essa extrema direita nojenta que são eles quem devem nos temer, que nós mulheres, trabalhadoras, negros, lgbt’s, indígenas, sem-terras e sem-tetos somos muito mais fortes e podemos ser os donos de nosso próprio destino.

Fonte: Esquerda Diário

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