A Casa de Referência da Mulher Tina Martins é exemplo de luta, resistência e humanidade e respeito às Mulheres
Tina Martins, que dá o nome à casa, foi uma ativista que lutou pelos direitos dos trabalhadores no início do século XX, e que vem acolhendo mulheres em busca de ajuda. A Tina busca valorizar, empoderar e fazer com que as mulheres reconheçam a sua própria força e enxerguem que elas tem poder para mudar a própria vida. A casa fica na Rua Paraíba, nº 641, no bairro Santa Efigênia, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte e conta com um ambiente bastante aconchegante, organizado, limpo e que permite um aconlhimento às mulheres e seus filhos.
O projeto nasceu da Ocupação realizada pelo Movimento de Mulheres Olga Benario em 2016, e hoje tem capacidade de abrigar mulheres na casa, além de acompanhamento de várias outras mulheres diariamente e recebe várias outras todos os dias. São mulheres vítimas de violência, que querem se tornar independentes de seus companheiros, que procuram conhecer quais são os seus direitos. Na época, o Movimento de Mulheres Olga Benario, junto com o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), ocupou um prédio público abandonado há mais de 10 anos, exigindo a efetiva aplicação de políticas públicas para mulheres.
Um refúgio para mulheres
A Casa Tina Martins se transformou num espaço para formação das mulheres e formulação de ideias e políticas, com debates, palestras, oficinas, cursos, rodas de conversas, feiras e encontros, além de realizar acolhimento temporário às mulheres que têm esse atendimento negado pelo Estado. Somente no ano passado mais de 310 mulheres foram atendidas, e neste ano já passam de 100 mulheres que procuraram a Casa. “Muitas mulheres, mesmo com todo nosso trabalho de divulgação, ainda não conhecem sobre a existência de um espaço, gerido por mulheres e que é um lugar para auxilio, apoio mas também para empoderamento feminino, e que está a disposição para judar estas mulheres.”, afirma Pedrina, assistente social que auxilia na Casa Tina. A Casa integra a Rede de Enfrentamento de violência à Mulher, e diferente do que é em outros lugares, na Casa as mulheres não são expostas, ridicularizadas, culpadas ou mesmo postas em condições vexatórias.
O trabalho de apoio, triagem e acolhimento é desenvolvido por meio de quatro abordagens, a jurídica, por meio de orientação e acessoria de seus direitos, a abordagem psicológica que busca ouvir estas mulheres e procurar resgatar a auto estima, a abordagem assitencial, por meio de conversas com assistentes sociais e que mapeiam o tipo de agressão sofrido por estas mulheres e por fim o abrigo e encaminhamento de mulheres que estejam em situações de risco. Conta com apoio de integrantes e voluntárias, psicólogas, assistentes sociais, médicas que estão à disposição para melhor atender estas mulheres.
Muito mais do um simples tapa
A violência cometida contra mulheres ainda é muito amenizada pela nossa sociedade machista, patriarcal e que sempre a culpa recai sobre a mulher. A violência contra as mulheres não se dá apenas quando o companheiro, ou parceiro lhe desfere um tapa, ou deixa um hematoma, mas é muito mais do que isso, ela pode ser física (visível por deixar marcas no corpo), moral (por ferir o ego e auto estima da mulher), emocional (promovida pela chantagem do parceiro), patrimonial (por excluir a mulher das posses do casal) e até mesmo sexual (por obrigar a mulher a ter que ter relações contra sua vontade). “Infelizmente, ainda muitas mulheres passam por uma destas violências, sem se quer saber que são violentadas dia após dia por seus parceiros”, afirma Pedrina. A Casa Tina, é um importante centro de diálogo e espaço em que as mulheres podem recorrer para sairem de uma situação de abuso quer seja físico, emocional, sexual, físico ou patrimonial.
Resiste Tina
A Casa Tina Martins foi uma grande vitória para as mulheres e a luta pelo verdadeiro combate à violência. Uma vitória de uma Ocupação, que obrigou o Governo do Estado de Minas Gerais a ceder um espaço que estava ocioso. O lugar pertencia a FAPEMIG, e estava desocupada a 4 anos, sem cumprir nenhuma função social, e que foi assinado um contrato de comodato por 2 anos, e que findou o prazo em junho deste ano, e que por meio de muita luta foi postergado por mais 1 ano. Deste então, os repasses de verbas destinados para custeio de água e luz, tem sido dificultados e a segurança da casa, fornecida por uma terceirizada não foi renovada. A Casa resiste mediante força de vontade e luta de suas dirigentes, de voluntárias e da Feira da Tina, que acontecem com intuíto de arrecadar fundos para a casa. A Casa precisa de todo apoio que puder receber, e pela importância do serviço social que desempenha merecia uma maior atenção de todos os mineiros (a Tina, como é carinhosamente chamada é a única existente em toda a América Latina). Doações de roupas, alimentos, dinheiro, materiais e utensílios para o lar, podem ser deixados e serão de suma importância.
A Casa Tina Martins existe pensando nas mulheres, e o recado que dá à sociedade é que estas mulheres que estão passando por situações dificeis, ou de risco, é que não precisam passar por isto sozinhas, mas que podem contar com a Casa Tina.
#ResisteTinaMartins
#LugardeMulheréAondeElaQuiser
Nota da Redação: agradecemos a Indira Xavier, líder do Movimento de Mulheres Olga Benário e da Casa Tina e a Pedrina pelo carinho e apoio.
Para doações, entre em contato pelo link:
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