Enquanto o prefeito de uma das cidades mais famosas do mundo censura uma obra com conteúdo LGBT, nós fazemos uma seleção para você
A tentativa do prefeito Marcelo Crivella de retirar da Bienal do Livro uma HQ por conter um beijo entre personagens homossexuais suscitou um debate acerca da LGBTfobia, um problema que ainda precisa ser superado.
A LGBTfobia pode ser definida como “uma aversão irreprimível, repugnância, medo, ódio, preconceito que algumas pessoas nutrem contra os homossexuais, lésbicas, bissexuais e transexuais (também conhecidos como grupos LGBT)”. Se o ato de recolher o livro já não fosse totalmente discriminatório, a equipe da Prefeitura, que foi até a Bienal para fazer uma vistoria, alegou que estava atrás de “material pornográfico”, criminalizando novamente as relações homoafetivas.
A situação preocupa sobretudo quando se observa os desafios que o Brasil precisa enfrentar para garantir as garantias de direitos e liberdades fundamentais à população LGBT. Um relatório divulgado em junho pelo Grupo Gay da Bahia mostra que o Brasil registra uma morte por LGBTfobia a cada 23 horas. De janeiro a maio deste ano foram registradas 141 mortes, todas por motivos de ódio.
Quando se faz um recorte para a população trans (representada pela letra T na sigla LGBT), a situação se agrava ainda mais. Dados da ONG Transgender Europe mostram que o Brasil segue no primeiro lugar do ranking mundial de assassinatos de pessoas trans. Além de não terem direito à vida, as pessoas trans no Brasil são jogadas na prostituição por falta de oportunidade.
Recentemente, a LGBTfobia passou a ser considerada crime em território nacional. Em junho deste ano, o STF decidiu que os crimes de ódio contra LGBTs serão interpretados de acordo com a Lei de Racismo (7716/89), que tem preconceitos por raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional inclusos em sua interpretação.
O preconceito, segundo o dicionário, é qualquer opinião ou sentimento concebido sem exame crítico. E nada melhor que o conhecimento para trazer luz a esse túnel que parece não ter fim. Enquanto o prefeito de uma das cidades mais famosas do mundo censura uma obra com conteúdo LGBT, nós fazemos uma seleção com 10 livros que tratam sobre o tema e que você precisa ler. Confira!
1. Um livro para ser entendido (Pedro HMC)
O autor traz para a obra questionamentos que precisam ser entendidos pela sociedade para que se construa respeito e tolerância com a população LGBT. “Nasce ou torna-se gay? Por que tantos rótulos? O que são as muitas letras da sigla LGBT? O que não dizer para meu amigo gay? Como é viver no armário? Como se assumir?”. O autor defende que obra seja lida pelos entendidos e não entendidos no universo LGBT para que, juntos, se supere o preconceito.
2. História do Movimento LGBT no Brasil (James N. Green , Marcio Caetano, Marisa Fernandes e Renan Quinalha)
O livro busca traçar um panorama do movimento LGBT no Brasil passados 40 anos da transição da ditadura no Brasil, que culminou em um processo de mudança de regime político, mas também de surgimento de movimentos sociais em luta por liberdades públicas, participação política, justiça econômica e reconhecimento de suas identidades. Nesse contexto, o movimento homossexual torna-se LGBT e, com isso, multiplicam-se os coletivos e grupos organizados, as formas de luta, diversificam-se as identidades, e ampliam-se os direitos reconhecidos via políticas públicas e ativismo.
3. O que será? (Jean Wyllys)
A obra traz um resumo da vida e luta de Jean Wyllys, ex-deputado federal, desde o momento que morou na cidade de Alagoinhas, interior da Bahia, até Berlim, cidade que escolheu para morar após desistir do mandato e deixar o país. por conta de ameaças. Único homossexual assumido no Congresso por quase dez anos, Jean Wyllys se destacou por ampliar e promover importantes pautas ligadas aos direitos humanos.
4. Moletom (Júlio Azevedo)
Em Moletom, o autor Julio Azevedo mostra, por meio de uma narrativa envolvente e ilustrações poéticas, que não adianta tentar fugir dos problemas: eles nos perseguem até que os encaremos de frente. Seu protagonista, Pedro, está fugindo de algo. Ele acaba de chegar em uma nova cidade, onde ficará hospedado na casa da tia por algum tempo, e essa mudança representa para ele um recomeço, um escape de algo que está causando uma grande angústia. Assim que chega a esse novo ambiente, no entanto, ele conhece Lucas, um garoto que despertará exatamente os sentimentos que ele estava tentando evitar.
5. Apenas um garoto (Bill Konigsberg)
Rafe saiu do armário aos 13 anos e nunca sofreu bullying. Mas está cansado de ser rotulado como o garoto gay, o porta-voz de uma causa. Por isso ele decide entrar numa escola só para meninos em outro estado e manter sua orientação sexual em segredo: não com o objetivo de voltar para o armário e sim para nascer de novo, como uma folha em branco. O plano funciona no início, e ele chega até a fazer parte do grupo dos atletas e do time de futebol. Mas as coisas se complicam quando ele percebe que está se apaixonando por um de seus novos amigos héteros.
6. Arrase! (RuPaul)
No livro, o autor, modelo, cantor e drag queen RuPaul reúne dicas úteis e provocativas sobre moda, beleza e autoestima para o públigo gay e hétero. O livro se apresenta colorido, divertido e recheado de fotos e conteúdos que vão muito além do reality show.
7. O Mau Exemplo de Cameron Post (Emily M. Danforth)
Quando os pais de Cameron Post morrem em um acidente de carro, a primeira coisa que ela sente, para sua própria surpresa, é alívio. Alívio que eles nunca vão precisar saber que, algumas horas antes, ela estava beijando uma menina. Mas o alívio não dura, e Cam é forçada a morar com sua tia ultraconservadora e, sua bem-intencionada, mas antiquada avó. Ela sabe que, daqui em diante, tudo será diferente. Sobreviver nessa pequena cidade rural de Montana exige que Cam finja ser igual a todo mundo e evite assuntos indelicados (como diria sua avó), e ela é boa nisso. Até que Coley Taylor chega à cidade. Coley é perfeita, e tem um namorado perfeito para completar. Ela e Cam forjam uma amizade intensa, que parece deixar espaço para algo mais. Mas assim que isso começa a parecer possível, a religiosa tia Ruth decide que é hora de “consertar” sua sobrinha, a mandando para God’s Promise, um acampamento de conversão que deve “curar” sua homossexualidade. Lá, Cam fica frente a frente com o custo de negar quem ela é – mesmo que ela não tenha certeza que sabe realmente quem é. O mau exemplo de Cameron Post é uma estreia literária inesquecível e impressionante sobre descobrir quem você é e ter a coragem de viver de acordo com suas próprias regras.
8. Cor não tem gênero (Thati Machado, Cínthia Zagatto, Brenda Bernsau, Janaina Rico, Thati Machado, Danilo Barbosa, Luiz Gouveia, Leonardo Antan, Rafael Ribeiro)
Em oito contos, a obra se apresenta como um manifesto pela diversidade. Mais do que reforçar a ideia de que cores não têm gênero, o livro busca contemplar a beleza da liberdade de poder ser quem quiser.
9. Não inclui manual de instruções (
10. Armário sem portas (Karla Lima e Pya Pera)
‘Armário sem Portas’ é um livro sobre a relação homossexual das autoras, e também sobre pessoas, sentimentos, descobertas, medos e superações. Através de crônicas curtas, as autoras buscam mostrar que o amor só perdura quando se acrescentam muitas pitadas de humor.
Fonte: Carta Capital