9 livros indispensáveis para entender (e combater) o fascismo

Aqui estão leituras úteis para você conhecer mais a respeito dos ideais fascistas.

Foto: O Libertário

A chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, a vitória do Brexit nas urnas em 2016 e a posse de Jair Bolsonaro e seus ministros truculentos só fizeram intensificar o debate mundial sobre o aumento da adesão a discursos carregados de autoritarismo, nacionalismo e populismo. Para mencionar outro exemplo, na França, a candidata da extrema-direita Marine Le Pen conseguiu chegar ao segundo turno das eleições presidenciais em maio.

Recentemente, em Veneza, a Secretaria de Segurança Pública da cidade confiscou materiais de simbologia fascista e homenagens a Benito Mussolini, o ditador e líder do Partido Nacional Fascista italiano. No local também havia um alto-falante que espalhava a mensagem: “Tenho nojo de pessoas mal-educadas, sujas e da democracia. Sou favorável ao regime fascista”.

Em artigo publicado no El País, o historiador britânico Timothy Garton Ash compara a Rússia governada por Putin com o fascismo e defende: “o novo desafio [é] enfrentamos a globalização da antiglobalização, a frente popular dos populistas, a internacional dos nacionalistas”.

Para entender e combater o fascismo, nada melhor que buscar informações e reflexões a respeito dele — e, melhor ainda, fazer isso com auxílio de livros.

1. O que É Fascismo?, de George Orwell

O escritor e jornalista inglês George Orwell, autor dos clássicos 1984 e A Revolução dos Bichos, colaborou com diversos jornais e revistas escrevendo ensaios de conteúdo político. O que é Fascismo? é uma coleção de vários desses textos. No que dá título ao livro, o autor critica o uso leviano do termo na mídia e defende que o fascismo seja tanto compreendido conceitualmente quanto mencionado com precisão pela imprensa. Em outros textos do livro, Orwell faz análises de obras literárias e reflexões a respeito das políticas de esquerda e cinema, entre outros temas.

2. Nós, de Ievguêni Zamiátin

Nós, a principal obra do escritor russo Ievguêni Zamiátin, é uma ficção científica ambientada em um futuro assustador, no qual o governo autoritário “Estado Único” vigia as pessoas intensamente e controla todo tipo de comportamento. Censurado na União Soviética, o romance de Zamiátin narra a história do engenheiro D-503, que vive de acordo com as regras do estado, mas começa a questionar suas próprias convicções quando conhece uma misteriosa mulher que não as cumpre. Nós é considerada a primeiríssima distopia e inspirou várias outras, como Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley; Fahrenheit 451, de Ray Bradbury; e Laranja Mecânica, de Anthony Burgess.

3. A Segunda Pátria, de Miguel Sanches Neto

E se o Brasil tivesse aderido ao nazismo? O romance A Segunda Pátria, do escritor paranaense Miguel Sanches Neto, parte desta pergunta para imaginar o que teria acontecido com o Brasil se, em 1938, o então presidente Getúlio Vargas tivesse firmado uma aliança com a Alemanha nazista. O autor, baseando-se em pesquisa sobre a infiltração do nazismo na América do Sul e a Segunda Guerra Mundial, conta em A Segunda Pátria a história do engenheiro Adolpho. O personagem é negro e torna-se perseguido pelo sistema; seus direitos são suspendidos e, assim como os outros negros, torna-se um escravo, não diferente do período colonial. A bela jovem de descendência alemã Hertha é cobiçada por vários homens e vive sua vida sexual livremente. Ela guarda um segredo e, por causa disso, passa a ser vigiada por oficiais. Enquanto isso, a ideologia disseminada por Hitler cresce nos estados sulistas e ameaça abranger o restante do Brasil, tendo índios e mestiços na mira.

4. Como Conversar com um Fascista, de Marcia Tiburi

Com linguagem acessível, a filósofa Marcia Tiburi fala sobre o autoritarismo no cotidiano do brasileiro e defende o diálogo como forma de resistência ao fascismo e reação aos ataques à democracia. A abordagem da autora passa da política praticada no dia a dia ao papel da comunicação em massa, especialmente da TV, nesse cenário. Tiburi propõe uma estratégia no momento de diálogo com pessoas autoritárias e violentas. A filósofa diz que Como Conversar com um Fascista é sua livro de “autoajuda”. A Folha de S.Paulo chamou a obra de “antídoto para a barbárie”.

5. Sobre a Tirania, de Timothy Snyder

Poucos dias após Donald Trump ser eleito presidente dos Estados Unidos, Timothy Snyder, historiador e professor em Yale, postou um “textão” no Facebook a respeito da vitória do republicano. No post, que logo viralizou, Snyder resgata momentos da história do século 20 que podem nos oferecer lições valiosas a respeito dos rumos que a política tem tomado. “Não somos mais sábios do que os europeus que viram a democracia dar lugar ao fascismo, ao nazismo ou ao comunismo”, escreveu. “Nossa única vantagem é poder aprender com a experiência deles.” Em Sobre a Tirania, Snyder se aprofunda no assunto de seu post e proporciona uma leitura rápida e elucidativa a respeito do autoritarismo.

6. As Mulheres do Nazismo, de Wendy Lower

Historiadora e consultora do Museu do Holocausto, Wendy Lower investiga em As Mulheres do Nazismo a participação das mulheres na trajetória do regime de Hitler. A autora levanta informações a respeito das diversas funções que centenas de milhares delas tiveram na propagação dos ideais nazistas, seja como professoras, enfermeiras ou até mesmo torturadoras. “O genocídio é coisa de mulheres também. Tendo ‘oportunidade’, as mulheres se aliam a ele, mesmo em seus aspectos mais sangrentos”, escreveu Lower. “Reduzir a culpa das mulheres a poucos milhares de guardas femininas desencaminhadas por lavagem cerebral não representa a realidade do Holocausto”, defende.

7. V de Vingança, de Alan Moore e David Lloyd

V de Vingança, um dos principais quadrinhos dos anos 1980 e também uma das obras mais importantes de seus autores, conta a história de V, um rebelde anarquista que luta contra o governo fascista que domina o Reino Unido. Ambientada em um futuro distópico após uma fictícia guerra nuclear que quase aniquilou todo o restante da Terra, o quadrinho acompanha a trajetória do personagem, que planeja assassinar os líderes do governo e incentivar a população a exigir um governo democrático.

8. Mussolini e a Itália Fascista, de Martin Blinkhorn

Este livro do historiador britânico Martin Blinkhorn, especialista em Europa moderna, é ideal para quem busca conhecimentos básicos a respeito do tema. O que é fascismo? Como Mussolini chegou ao poder na Itália? Com precisão e linguagem descomplicada, o livro de Blinkhorn responde essas perguntas. Desde seu lançamento em 1984, a obra é uma das principais sobre o fascismo e serve tanto para estudantes de ciências sociais quanto curiosos a respeito da história do século 20.

9. Crer e Destruir, de Christian Ingrao

Em Crer e Destruir, o historiador especializado em nazismo Christian Ingrao investiga o que aconteceu com oitenta jovens intelectuais que trabalharam junto ao Terceiro Reich. Para resgatar a trajetória desses rapazes, Ingrao fez uma rigorosa pesquisa em arquivos dos nazistas, buscou compreender como eram as universidades naquela época e o que levou esses jovens a escolher o caminho de colaborar com o genocídio em massa promovido por Hitler. “O nazismo suscitou um imenso ‘fervor’. Não só entre as massas, mas também dentre aqueles de quem se poderia esperar que a inteligência e a cultura fossem baluartes contra a abjeção”, opinou o Le Monde sobre o livro.

Fonte: HuffPost

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