Por Mário Lima Jr
Michel Temer mereceu a última dúvida a respeito do seu caráter até se dedicar pessoalmente ao afastamento de Dilma Rousseff. A carta da traição, publicada com o intuito de desmoralizar Dilma, expôs a ambição desmedida de Temer, a ambição e o orgulho colossal de um poeta, e confirmou que não foi fruto do acaso a trajetória política do atual presidente, cujo ápice macabro são as medidas provisórias que atacam o povo e a natureza brasileira.
Estudante de Direito, três vezes presidente da Câmara dos Deputados, político hábil e frio, em um áudio que “vazou” Temer falava como Presidente da República antes mesmo de vestir a faixa presidencial. Loucura? Não, genialidade sórdida dedicada à criação das condições subjetivas necessárias para tomar o poder.
Quando Temer enfiou na cabeça que se esforçaria para ser Presidente, na universidade ou no primeiro cargo público que exerceu, não se sabe exatamente. Mas em 2016, nos seus primeiros meses de governo (sic), ele confessou em Alagoas:
– Tenho um objetivo e um sonho, que ao final do meu mandato vocês possam dizer, embora eu seja de São Paulo: esse foi o maior presidente nordestino que passou pelo Brasil.
Raramente Temer revela suas paixões, como nessa entrega à inveja que sente de presidentes nordestinos anteriores. A frase está na sua conta oficial no Twitter e em completo desacordo com as ações de Temer como Presidente.
Ele eliminou direitos populares e deu a empresários e ruralistas poderes sobre o trabalhador e sobre a terra. Os atos que permitem a exploração irracional do meio ambiente pela iniciativa privada se acumulam. Diante de protestos pacíficos em Brasília contra esses abusos, fez uso de violência armada.
Tão intensos, espontâneos e absurdos que sugerem racismo, os ataques contra os povos originários são frequentes. Há quase duas semanas foram interrompidas novas bolsas do Programa Bolsa-Permanência, destinado a universitários indígenas e quilombolas. Jovens brasileiros, cujas gerações passadas foram massacradas pela escravidão e pela pobreza, querem estudar mas passam fome e não têm onde morar – as universidades ficam longe de suas aldeias. Parece narrativa de cinema com um vilão, milhões de vítimas e nenhum herói.
Dependente do apoio político de congressistas ligados a negócios que desmatam e prejudicam o solo, Temer é o presidente com pior desempenho em demarcações de terras indígenas desde 1985, segundo o Instituto Socioambiental. Apesar da homologação em abril da demarcação da Baía dos Guató (MT), pelo menos três processos de demarcação, sem nenhuma pendência judicial ou administrativa, estão parados sobre a mesa do Presidente da República.
Inclusive a Cultura nacional Temer ofendeu fechando seu ministério. A assistência social ele transformou em palanque para primeiras-damas vazias que falham em provar sua boa intenção, que dirá a eficiência dos seus projetos. A pobreza extrema aumentou 11,2%, atingindo quase 15 milhões de pessoas, mas isso Temer não planejou precisamente, é resultado da intencional falta de atenção ao bem-estar popular.
Temer sempre quis alcançar e permanecer no topo da Política, nada de construir um país melhor. Assim ele vendeu o Brasil para deputados fajutos e garantiu sua sobrevivência contra duas denúncias de corrupção da Procuradoria Geral da República. Uma delas o classifica como “líder de uma organização criminosa”.
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