Neste sábado, 18, após o Ministro reiterar que continuará com o calendário do ENEM normalmente, também anunciou que premiará universidades que continuarem as aulas.
Ignorando as mortes que já chegam a 2.347 e os 36.599 infectados, sendo que o número de óbitos e infectados pode ser muito maior por não haver testes em massa, Weintraub acompanha Bolsonaro em sua política de incentivo de voltar à “normalidade” frente a pandemia do Coronavírus no Brasil.
Ele tenta convencer por livre e espontânea pressão às reitorias a manterem as aulas, inclusive convocando os estudantes para defender este absurdo, com um discurso de “respeitar” a autonomia universitária, prometendo dar mais recursos e bonificação as universidades que voltarem as aulas. Uma chantagem que colocará vidas em risco, sendo as universidades e escolas locais onde a aglomeração cotidiana significaria uma aceleração no contágio.
Essa medida, apesar da tentativa de manobra de Weintraub, é sim um ataque à autonomia universitária, pois pressionar as universidades que já estão sucateadas e que estão localizadas em pontos de maior pobreza a seguirem com as aulas para que assim recebam maior recurso do governo, ignorando inclusive os estudantes mais pobres que não terão os recursos e nem condições psicológicas para terem aulas EAD.
Por outro lado, os estudantes não podem se deixar enganar por esse discurso, visto que em outros momentos tanto Bolsonaro quanto Weintraub separaram as universidades do resto da população ao falarem de rever os cortes na educação se passasse a Reforma da Previdência, servindo assim para separar a força que poderíamos ter se a juventude se aliasse aos trabalhadores para barra os cortes e a reforma. E que apesar da retirada dos cortes naquele momento, outra série de ataques foram efetivadas, como foi os recentes cortes as bolsas de pesquisas.
Ou seja, agora Weintraub separa as universidades do resto da população pois o projeto de educação que defende está atrelado a um projeto empresarial – defendido pelos tubarões da educação – para transformar a universidade em um polo de tecnologia para as empresas, que por um lado é uma tecnologia que os trabalhadores não têm acesso e por outro são tecnologias para maior exploração dos trabalhadores, como ocorreu com a Movile, uma das empresas-filhas da Unicamp, que é responsável por aplicativos como o iFood e o PlayKids, que hoje servem para explorar e precarizar a vida de milhares de jovens negros.
Além dessa chantagem, Weintraub também anunciou que continuará com o Enem 2020 normalmente, ignorando que a pandemia tem inclusive consequências sociais para os mais pobres, que são em sua maioria os negros, as mulheres e as LGBTs a pagarem com suas vidas por essa crise. Sendo assim, até mesmo o acesso a universidade ficará mais restrita para os mais pobres que prestaram o Enem e vestibulares esse ano, pois enquanto os ricos terão plano de saúde, uma casa apropriada para a quarentena e alimentação saudável, os mais pobres verão seus familiares morrerem pelo vírus, ou mesmo pela fome.
O projeto que defendemos de educação, a qual se inclui as universidades, pede independência de Bolsonaro, Weintraub e mesmo os governadores e o congresso reacionário que são incapazes de defender uma universidade ligada aos interesses dos trabalhadores e a população mais pobre, e que justamente nesse momento mais crítico poderia cumprir um papel exemplar de responder a crise não só fazendo testes e atendendo os pacientes pelos Hospitais Universitários, mas também produzindo álcool em gel, máscaras e jalecos para os trabalhadores que seguem trabalhando.
Por isso, as entidades dos estudantes, como Centros Acadêmicos (CAs), Diretórios Central dos Estudantes (DCEs), a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Nacional dos Estudantes Secundaristas (UBES) deveriam estar na linha de frente, junto aos sindicatos – como CUT e CTB, dirigidas pelo PT e PCdoB – para defenderem que as universidades colocassem todo o seu conhecimento e estrutura para responder às mais elementares demandas da população, mas também fazendo uma ampla campanha não só pelo adiamento do Enem e vestibulares, mas também por testes massivos, para que a quarentena seja organizada racionalmente, por EPI’s, contratações e leitos para os hospitais, pela centralização do sistema de saúde sob controle dos trabalhadores, pela proibição de todas as demissões, a liberação sem perda salarial dos trabalhadores dos serviços não essenciais e um salário de R$ 2 mil reais para todos os trabalhadores sem renda ou desempregados.
Fonte: Esquerda Diario