Quase três mil moradores de vilas e favelas de Belo Horizonte redobraram a vigilância devido às chuvas. Somente nos últimos 15 dias, dez famílias foram obrigadas a deixar os imóveis por causa do risco de desabamento ou deslizamento de terra provocados pelo solo encharcado de água.
A previsão de fortes temporais na cidade para os próximos dias, com volume de precipitações que podem atingir 100 milímetros (mm) até domingo, faz crescer o medo de tragédias.
Na última terça-feira, uma casa desmoronou no bairro Jardim Montanhês, região Noroeste. Uma mulher e quatro netos estavam na residência e, por muito pouco, conseguiram se salvar. Três cachorros morreram.
De acordo com a Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel), 1.100 famílias vivem em casas sob encostas ou à beira de barrancos. A pasta, no entanto, não informa a quantidade exata de pessoas que moram nas áreas de alto risco geológico.
Conforme a mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), do IBGE, a média de moradores por domicílio na capital mineira é de 2,7. Levando em consideração o índice, a cidade tem 2.970 habitantes em locais com perigos provocados por temporais.
Pode ser maior
O número, porém, pode ser ainda maior. Imóveis em ocupações irregulares, também considerados críticos pela prefeitura, não integram o levantamento da Urbel. Há previsão de se fazer um novo estudo incluindo essas edificações.
O presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape) em Minas Gerais, Eduardo Vaz de Mello alerta que essas áreas são, atualmente, as mais arriscadas. “As construções são desordenadas e o solo, por ser maciço, sujeito a deslizamentos. Vale lembrar que esses locais nem deveriam ter sido ocupados”, pontuou.
Dinâmico
Diretora de Áreas de Risco e Assistência Técnica da Urbel, Isabel Volponi evita falar quais os bairros mais suscetíveis a ocorrências por causa das chuvas. A gestora explica que o perigo é dinâmico e leva em consideração vários fatores, como a quantidade de chuva em um curto período e construções irregulares, principalmente de muros de arrimo.
A companhia afirma existir áreas com risco geológico nas nove regionais de BH. O bairro Novo Lajedo, na Norte, por exemplo, é um dos locais constantemente monitorados.
“A Urbel trabalha durante todo o ano fazendo vistorias e obras. Antes do período de chuva, também fazemos uma mobilização mais significativa, nas áreas com manchas de risco, para sensibilizar a população”, detalhou Isabel Volponi.
Já após as tempestades, equipes do órgão são deslocadas para inspeção. As famílias que precisam deixar os imóveis são direcionadas para abrigos públicos ou podem ir para casas de parentes.
Fonte: Hoje em Dia