Polícia também está no encalço de Moreira Franco, ex-ministro do emedebista
Foi preso por volta das 11h20 desta quinta-feira 21 o ex-presidente Michel Temer (MDB). O mandando foi expedido pelo juiz Marcelo Bretas, da força-tarefa da Lava Jato carioca. Também foi preso Moreira Franco, ex-ministro e homem forte do MDB. A polícia também está em busca de Eliseu Padilha, também ex-ministros do governo Temer.
Apesar de o mandado ter sido expedido no Rio, mas Temer foi preso pela Polícia Federal em São Paulo. Será submetido a um exame do IML e, em seguida, levado até a capital fluminense para ser ouvido.
O caso que está com o juiz Bretas trata das denúncias do delator José Antunes Sobrinho, dono da Engevix, que diz ter repassado 1 milhão em propina a um militar amigo de Temer e Moreira Franco. A empreiteira fechou contratos com a usina de Angra III. Além de ex-presidente, Sobrinho indicou episódios envolvendo Renan Calheiros e Eduardo Cunha.
Outros casos
Temer é alvo de dez inquéritos. No último dia 15, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, remeteu à primeira instância cinco inquéritos, um deles envolvendo o caso dos porto de Santos. O ex-presidente é acusado de receber vantagens indevidas do grupo Rodrimar, que opera o porto no litoral de São Paulo, e que foi beneficiado por um decreto de Temer em 2017.
Em dezembro de 2018, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, havia denunciado o ex-presidente pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por integrar o suposto esquema.
Prisão de Temer é mais um espetáculo da Lava Jato
A prisão de Temer vem em boa hora para o governo Bolsonaro e para os defensores da reforma da Previdência. Enquanto foi útil para aprovar medidas a favor do capital financeira e da burguesia interna, Temer foi mantido solto. Provas não faltavam, mas o Congresso impediu sua prisão em duas votações. A prisão no aniversário de Bolsonaro, é um gesto, um agrado ao presidente de ultra direita com propósitos fascistas.
Sua prisão nesse momento favorece o governo, desvia o foco da reforma da Previdência – que é o que realmente interessa aos banqueiros -, fortalece a Lava Jato após duas derrotas sofridas no STF, e na decisão do conselho do MP que impediu Dallagnol de vir a ser o chefe da PGR. Fortalece a operação depois dela ter sido defenestrada pelo absurdo fundo que pretendia criar de R$ 2,5 bilhões com recursos dos EUA e da Petrobrás. Não por um acaso a prisão vem um dia antes da reforma da Previdência entrar na pauta do Congresso Nacional.
A jogada fortalece Moro no momento que foi desqualificado por Rodrigo Maia e abre espaço para impedir novas derrotas da Lava Jato no STF. Fortalecerá ainda a campanha contra o STF abrindo margem para o fim da PEC da bengala o que permitira Bolsonaro indicar 5 ministros do STF. Favorecendo ainda mais o controle do judiciário por interesses fascistas.
A prisão de Temer ainda busca justificar a prisão de Lula, buscando enfraquecer o discurso de que ele e a esquerda estão sendo perseguidos. É diversionismo diante da entrega do Brasil aos interesses dos EUA.
A prisão está longe de ser um gesto concreto de combate a corrupção, é muito mais um lance político para ganhar a opinião pública. O saldo é a favor de Bolsonaro e sua trupe, tirando-o do foco da crise política e dos recentes dados sobre enorme queda na sua popularidade.
A campanha do partido da Lava Jato, e dos bolsonaristas segue forte. Se a população não for esclarecida comprará gato por lebre. Se as forças democráticas não se atentarem somarão forças para o crescimento do fascismo no Brasil.
Fonte: Carta Capital/ Coletivo Alvorada