O Trabalho de fotografia da aluna Sylvia Triginelli, universitária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e que expõem discretamente certas partes do corpo feminino de mulheres negras com sobrepeso, foi alvo de críticas do superintendente da EBA/UFMG e que deferiu por censurar a exposição da obra.
Na última quarta-feira (13) a aluna do primeiro período do curso de Artes Visuais da UFMG, Sylvia Triginelli, montou seu trabalho de finalização da disciplina de Fotografia Básica intitulado “Corpo e arte, parte e cor. Corparte” na entrada do piscinão da Escola de Belas Artes (EBA). Com imagens de mulheres negras com corpos acima do peso. O trabalho cuja motivação é a busca por reflexões sobre a marginalização destas mulheres por diversas opressões que levam à existência de um tipo de padrão social de beleza que as excluem, e que é tão cultuado atualmente por nossa sociedade.
Durante a montagem da exposição das fotografias, na calada da noite, o diretor resolveu submeter a EBA a um regime de classificação para censura, e que a partir de agora, qualquer atividade que circule pelos espaços externos da EBA terão de receber uma classificação previamente aprovada por ele.
Ditadura do “Eu quero”
As interpretações oportunistas e obtusas que a direção da EBA vem fazendo das leis, e a manipulação de conteúdos legais para alcançar fins de controle autoritário, numa política higienista que alega preservação do patrimônio público e sobrecarga dos funcionários da limpeza está sendo imposta pela direção da EBA /UFMG e já aparece no discurso de divervos professore(a)s da universidade.
A manipulação perversa da lei e a articulação de discursos ambíguos têm respaldado uma visão absolutamente autoritária que tem como único objetivo cercear a liberdade de aluna(o)s e professora(e)s que tenham posições contrárias ou que discordem destas medidas inaceitáveis de censura.
Outros casos de censura
Este tipo de postura conservadora e reacionária foi afirmada e alimentada duramente pela direita em 2017, com graves episódios de ataques e censuras à liberdade artística no Brasil, como o da mostra Queermuseu, da peça “O Evangelho segundo Jesus, Rainha do Céu” e da exposição “Faça Você Mesmo sua Capela Sistina”, que encorajam discursos moralistas e repressores.
Estes discursos visam impossibilitar a manifestação artística realizada na contramão da indústria cultural que objetifica e padroniza os corpos das mulheres e utiliza a força da imagem com uma intenção mercadológica. Diante deste trabalho artístico e deste tipo de censura, é imprescindível a reflexão e o questionamento em relação ao direito a utilizar o corpo como expressão, à fetichização do corpo feminino e sua exploração sexual, à imposição de padrões de beleza, mas também à desigualdade econômica e política entre homens e mulheres, entre brancos e negros, e à violência machista e racista que permanece avassaladora no país.
Estamos correndo sérios riscos de perder direitos inalienáveis de expressão. A situação é séria e perigosa, pois toda censura, veícula à um regime de ditadura. Os nazistas, por meio de seu maior censurador Joseph Goebles, ministro da comunição, censurava toda as formas de exposição de arte, que não exaltassem Hitler e seu regime ultra nacionalista. Em tempos de extremismo, é necessário uma organização para contestarmos se é este o país que queremos.
Fonte: com informações Esquerda Diário/ Coletivo Alvorada