Construção de megabarragem recebe sinal verde de Zema e ameaça cidades do norte de Minas
O projeto da construção de uma megabarragem no norte de Minas Gerais recebeu o apoio do governo do Estado de Minas neste dia 12/09, quando um protocolo de intenções foi assinado entre o governo e Sul Americana de Metais (SAM), que é subsidiária da chinesa Honbridge Holdings. O plano, destrutivo ao meio ambiente, prevê a construção de um complexo de mineração no Norte de MG.
Uma megabarragem, com capacidade para 845 milhões de metros cúbicos de rejeito, na região dos municípios Grão Mogol e Padre Carvalho, junto a usina de concentração de minério e barragens de água. Destas cidades até Ilhéus, na Bahia, está previsto também a construção de um mineroduto de 480 quilômetros, que passará por 21 municípios entre uma cidade e a outra. No total, o projeto está orçado em R$ 9,1 bilhões, dos quais R$ 7,9 bilhões iriam diretamente ao complexo de mineração chamado de Bloco 8, enquanto que o resto iria para o mineroduto.
Para se ter uma ideia, a barragem de Brumadinho, da Vale do Rio doce que foi responsável pela morte de 249 pessoas, armazenava 12 milhões de metros cúbicos de rejeito. Já a barragem de Mariana, da Samarco, armazenava 55 milhões de metros cúbicos de rejeito. A megabarragem da mineradora chinesa teria então, a capacidade de produzir pelo menos cerca de 70 brumadinhos, ou então 15 vezes o estrago ocorrido em Mariana.
Ao mesmo tempo, este mesmo complexo de mineração teria a capacidade de produzir 27 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. Uma riqueza que as comunidades de Minas Gerais jamais vão ver, afinal de contas, é uma grande entrega de recursos minerais para empresas privadas estrangeiras. As mineradoras capitalistas, sejam elas nacionais ou, pior ainda, estrangeiras, por onde passam deixam apenas um rastro de destruição. Trabalhos precários são gerados nas regiões, e com as novas regras das reformas trabalhistas e previdenciárias, cada vez mais o trabalho na mineração é transformado em condições subumanas. Ao mesmo tempo, os trabalhadores que são técnicos especializados sequer são ouvidos, quando há falhas críticas como as do caso de Mariana e Brumadinho, que poderiam ter sido evitadas se não fosse a sede pelo lucro capitalista.
O fato é que, com o avanço das políticas de Bolsonaro, o agronegócio e a mineração estão aumentando ainda mais seus lucros através da destruição da natureza. Lucros que aliás também batiam recordes nas gestões petistas de Lula, Dilma, e também com Pimentel em MG. O agronegócio e a exploração mineral de baixo valor agregado para a exportação são as condições para a a exploração do trabalho escravo, para as queimadas, para a grilagem de terras feita pelos latifundiários. Um modo de produção predatório e pouco racional, cujos resultados são nuvens de fumaça e rios de lamas de rejeito de barragens.
Frente ao que o capitalismo no reserva, urge uma esquerda que levante a necessidade de uma reforma agrária radical, com estatização dos grandes monopólios de mineração e agricultura, com a gestão destes pelos trabalhadores, que é a única maneira de ter uma gestão racional dos recursos ao invés da queima destes recursos para o lucro capitalista.
Fonte: Esquerda Diário