Bolsonaro quer perseguir a UNE como nos tempos da ditadura

Numa tentativa de intimidar e silenciar os estudantes, Bolsonaro aciona o judiciário para retirar as postagens da campanha “Bolsonaro Não” das redes sociais, realizada pela União Nacional dos Estudantes (UNE), entidade que representa os estudantes brasileiros a nível nacional. Da última vez que o país vivenciou episódios similares, o povo brasileiro vagou por tempos sombrios.

O que está em jogo no Brasil é nosso direito à vida, à liberdade de pensamento e opinião, a preservação da democracia. / Foto: Comunicação do Levante Popular da Juventude

A primeira ação da ditadura militar (1964-1985) no Brasil foi metralhar e incendiar a sede da União Nacional dos Estudantes na praia do flamengo no Rio de Janeiro. A partir daí, o regime autoritário pôs a UNE na ilegalidade e passou a perseguir os estudantes, tolhendo o direito de reunião, organização e manifestação a nível local, estadual ou nacional. O resultado disso foram muitos estudantes torturados, desaparecidos e mortos.

É preciso revisitar a história do país para que nosso povo não seja cruelmente massacrado mais uma vez. Pois, o mais importante é entender que esse autoritarismo de Bolsonaro, com sua apologia à tortura, não atinge apenas os estudantes quando censura a UNE. Ele simplesmente escancara seus propósitos para com a presidência da república, que alcançará toda sociedade brasileira.

Em seu último discurso, transmitido por telão em São Paulo, na Avenida Paulista, o candidato à presidente disse que os “marginais vemelhos” tem duas opões: “ou vão para fora, ou vão para a cadeia”. Ou seja, quem representa uma oposição a suas ideias. Também nesse discurso ameaçou Fernando Haddad e Lindbergh Farias de “apodrecer na cadeia”, assim como ameaçou tipificar as ações do MST e o MTST como terroristas, e falou sobre uma imprensa “sem a Folha de SP”.

Desde o início da campanha, bem como ao longo da sua trajetória política nos últimos 28 anos, Bolsonaro dissemina ideias fascistas. Estimula a violência e o ódio, pregando que o divergente de si deve ser exterminado ou “banido” nas palavras dele, como fica explícito nesse último discurso. Não por outro motivo, essa eleição tem sido marcada por uma agressividade não vista em outros períodos eleitorais, a exemplo do assassinato com 12 facadas do mestre Moa na Bahia por um eleitor do Bolsonaro.

Ele legitima e prega a violência que seus eleitores têm reproduzido, causando a morte de brasileiros e brasileiras. Ele ameaça expulsar ou prender os que fizerem oposição ao seu hipotético governo. Ele ameaça censurar o veículo de imprensa que denunciou seu caixa 2 para esquema de fakenews. Ele ameaça fechar o Supremo Tribunal Federal. Ele começa a concretizar suas ideias, tentando calar a UNE, tentando intimidar os estudantes, nosso direito à crítica e nossa liberdade para fazer oposição a sua candidatura. Começa pelo mesmo caminho que a ditadura militar no Brasil começou.

O que está em jogo no Brasil é, antes de tudo, nosso direito à vida. Nosso direito à liberdade de pensamento e opinião. Direito de falar o que pensa e vestir a camisa que defende sem sofrer violência. Está em jogo nessas eleições a preservação da democracia e da constituição de 1988, com o conjunto de direitos conquistados após ditadura militar.

Por esse motivo, a tentativa de Bolsonaro não terá sucesso! As universidades estão fervilhando em prol da democracia e pelos direitos, com assembleias e debates contra o fascismo. Ao contrário do que ele afirma em seus discursos de ódio, esse conjunto de estudantes que se reúne contra o retrocesso e autoritarismo que ele representa, não são exclusivamente apoiadores dos governos petistas. São estudantes que apoiaram os governos Lula e Dilma unificados com os estudantes que tem divergência e fizeram oposição aos governos Lula e Dilma.

São estudantes que defendem a educação pública, gratuita e para todos, ao contrário de Bolsonaro que defende pagamento de mensalidade nas universidades públicas e ensino fundamental à distância. São estudantes que defendem a soberania nacional, ao contrário do candidato que bate continência para a bandeira americana e quer entregar nossas riquezas de bandeja. São estudantes que defendem o Brasil, a nossa democracia e a vida do nosso povo.

Nessa reta final lutaremos dentro e fora das universidades, nas redes sociais e nas ruas, para virar essa maré e vencer as eleições!

Guilherme Boulos, Ciro Gomes e Marina Silva já se somaram nesse movimento de virada. A cada dia que cai a máscara, se somam mais brasileiros e brasileiras.

Nós, da UNE, estaremos com a mesma posição que sempre tivemos ao longo dos nossos 80 anos de história, em defesa da educação, do Brasil e da democracia, para que assim possamos, no futuro, fazer oposição a qualquer governo ou candidato.

*Jessy Dayane é militante do Levante Popular da Juventude. Sergipana, Jessy estuda Direito em São Paulo e milita no Movimento Estudantil. Hoje, conduz a vice-presidência da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Fonte: Brasil de Fato

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