Como você se imaginaria se estivesse em um avião prestes a cair? Num avião em que os pilotos fossem bonecos infláveis e a tripulação perdida? Pois é. Em “Apertem os cintos… O Piloto Sumiu!”, filme de 1980 dirigido por David Zucker, que viria a se tornar um clássico do gênero da comédia, a crítica apresentada é exatamente de um avião desgovernado e sem piloto!
Ted (Robert Hays) vive um piloto aposentado, forçado a assumir os controles de um avião quando a tripulação sucumbe à comida contaminada e conta com a ajuda de Elaine (Julie Hagerty), sua namorada, que tem de assumir o papel de aeromoça e copiloto. Juntos, eles vão tentar salvar os passageiros e terminar o voo com sucesso, mas existe um problema: ele (#Não) é neurótico!
Isto te lembra alguma coisa em comum? Ahh, vamos lá… Você consegue… Vou te ajudar: Bolsonaro… Corona vírus… Quarentena… É muita coincidência, não?
Tirando essa sátira de um acidente aéreo e o despreparo dos pilotos, as pobres vidas das pessoas do avião estão em perigo, em jogo, nas mãos de pessoas que sequer teriam condições de estarem à frente deste. Em dadas as proporções, vivemos à mesma situação, só que com um governamental à frente do nosso país.
A pandemia e epidemia do novo Corona vírus (Covid-19) teve início na China em dezembro de 2019. O vírus causa uma doença respiratória semelhante à gripe e tem sintomas como tosse, febre e, em casos mais graves, pneumonia, levando à morte. O vírus não pode ser contido pelos chineses e se espalhou pelo mundo, afetando a Itália, Espanha, Arábia Saudita, Congo, Estados Unidos, Venezuela e Brasil.
Diante desse quadro alarmante, a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ONU e diversas lideranças mundiais propuseram que a melhor forma de prevenção era isolar as pessoas em suas residências mantendo-as em quarentena, para que o vírus não se propagasse, evitando assim a contaminação de centenas de mortes.
Em 7 de março, a OMS pediu a todos os países “que prossigam com os esforços que têm sido eficazes para limitar o número de casos e impedir a propagação do vírus”. Dias depois, as intervenções se multiplicaram na Europa e em todo o mundo. Ante a inércia e silêncio sepulcral do Governo Federal, governadores dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, tomaram à frente e decretaram quarentena, sendo seguidos depois por outros estados.
De acordo com os gráficos da Universidade Johns Hopkins, após estas medidas adotadas pelos Estados, a curva de contaminação foi contida, diminuindo o número de pessoas infectadas e consequentemente mortes, poupando assim inúmeras vidas. Até aparecer ele: o piloto-político neurótico e sociopata, Jair Bolsonaro.
Bolsonaro é um político pseudonacionalista de “extrema” direita, cuja homossexualidade reprimida o tornou altamente machista, fascista, racista, nazista, abolicionista, absentista, abortista, acionista e outros ‘istas’ que você desejar qualificar. Intolerante religioso, xenofóbico, anticomunista, retardado e boca suja, Bolsonaro é conhecido internacionalmente por suas atitudes impensadas e intolerantes.
Seria cômico, se não fosse trágico: Bolsonaro foi eleito presidente da República do Brasil, e como tal deveria governar para toda a população brasileira, contudo, este busca agradar apenas (e somente) o seu eleitorado (também conhecido como bolsominions), os banqueiros, a elite deste país, os interesses imperialistas norte americano, seu mais novo amigo, Donald Trump, os militares e os evangélicos.
Bolsonaro, contrariando todas as estatísticas, os estudiosos, as recomendações da OMS, a comunidade internacional, a garantia da vida das pessoas e o bom senso (se é que isto existe nele) foi à rede nacional de televisão e declarou que a epidemia do corona vírus não é preocupante, sendo apenas uma ‘gripezinha’, facilmente combatida por práticas de esporte e que as pessoas devem retornar ao trabalho, abandonando a quarentena.
Em seu discurso repleto de ódio, atacou à população mais pobre e os trabalhadores que não possuem um plano de saúde que lhes garanta o acesso a um leito nos melhores hospitais do país, favorecendo o interesse dos grandes empresários e banqueiros em detrimento da vida e da saúde das pessoas.
E a confusão, do “socorro… o piloto sumiu”, continua.
Após este pronunciamento, os ministros e o vice-presidente, em entrevistas, afirmaram exatamente o oposto do que Bolsonaro disse, e que a quarentena deve sim ser mantida. Discussões acaloradas entre Bolsonaro e os governadores dos Estados ajudaram à por mais pimenta malagueta nesse caldeirão. E o avião continua caindo…
A dúvida aqui agora, é que, de um filme de comédia, passamos para um filme de terror, com essa Torre de Babel do desgoverno Bolsonaro e sua equipe.
A Torre de Babel, segundo a Bíblia foi uma torre construída na Babilônia com a intenção de atingir o céu. Isto provocou a ira de Deus que, para castigá-los gerou uma confusão onde ninguém conseguia se entender. Essa confusão levou à destruição da torre, e espalhamento dos povos pela mesopotâmia, nunca mais encontrando seu caminho. Isto é o governo Bolsonaro hoje: ninguém se entende. E o filme de terror continua…
Não bastante a ausência do piloto, digo do governante, seus seguidores mais fiéis, os bolsominions (aqueles bichinhos amarelinhos que destroem tudo por onde passam) vão às ruas (e sem máscaras) exigir que o trabalho e o comércio devam reabrir, sob o lema de “O Brasil não pode parar por causa de uma estratégia comunista chinesa” (Aff! Arg!), acusam a esquerda de incitar à falência dos empresários e de que “resfriado mata mais do que o corona vírus”. Talvez, o melhor apelido para eles não seja “bolsominions”, mas sim “bolso-zumbis”. E chegamos ao filme de terror.
Em “O dia dos mortos” (1985), do diretor George Romero, os zumbis (mortos-vivos ou cadáver reanimado usualmente de hábitos noturnos, que vive a perambular e a agir de forma estranha e instintiva. Um ser privado de vontade própria e sem personalidade) dominam a terra tentando serem detidos por um pequeno grupo de pessoas.
O pequeno grupo é formado por cientistas e alguns militares, que testam experimentos, para conseguir achar a cura, mas os militares não concordam com o método, impedindo-os de encontrarem o antídoto. O filme leva a uma crítica sobre como uma tragédia é causada pela deficiência de comunicação e ação preventiva humana, gerando caos e colapso. Coincidência? Não… Não… É somente Hollywood.
Será?
P.S: #EleNão
Bibliografia:
– BBC Brasil (disponível em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51987873; acesso realizado em 27 mar 20).
– Gisandata maps (disponível em https://gisanddata.maps.arcgis.com/apps/opsdashboard/index.html#/bda7594740fd40299423467b48e9ecf6; acesso realizado em 27 mar 20).
– A Gazeta (disponível em https://www.agazeta.com.br/brasil/bolsonaro-coronavirus-nao-passa-em-loterica-porque-vidro-e-blindado-0320; acesso realizado em 27 mar 20).
– El País (disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2020/03/18/ciencia/1584535031_223995.html; acesso realizado em 27 mar 20).
– O Tempo (disponível em https://www.otempo.com.br/cidades/grupo-faz-carreata-no-centro-de-bh-pedindo-retomada-do-funcionamento-do-comercio-1.2317261; acesso realizado em 27 mar 20).
– Rede brasil atual (disponível em https://www.redebrasilatual.com.br/politica/2020/03/bolsonaro-isolado-pronunciamento-coronavirus/; acesso realizado em 28 mar 20).
– Cinéfilos (disponível em http://jornalismojunior.com.br/apertem-os-cintos-o-piloto-sumiu-airplane-1980/; acesso realizado em 28 mar 20).
– Cine 10 (disponível em https://cinema10.com.br/filme/apertem-os-cintos-o-piloto-sumiu; acesso realizado em 28 mar 20).
– Adoro cinema (disponível em http://www.adorocinema.com/filmes/filme-36184/; acesso realizado em 28 mar 20).
– Desciclopédia (disponível em https://desciclopedia.org/wiki/Jair_Bolsonaro; acesso realizado em 28 mar 20).
– UFMG (disponível em https://ufmg.br/coronavirus; acesso realizado em 28 mar 20).
– História do mundo (disponível em https://www.historiadomundo.com.br/babilonia/torre-babel.htm; acesso realizado em 28 mar 20).
– Filmow (disponível em https://filmow.com/dia-dos-mortos-t210333/; acesso realizado em 28 mar 20).