Reportagem da TV Globo sobre o caso Marielle mostrou que as investigações chegaram até o nome do presidente
O presidente Jair Bolsonaro confirmou para jornalistas neste sábado 2 que pegou a gravação com os registros de ligações da portaria do condomínio onde possui uma casa, no Rio de Janeiro, para evitar que fossem adulteradas. Não deixou claro, porém, quando pegou o material.
Segundo reportagem divulgada na terça-feira 29 pela Rede Globo, os suspeitos de terem assassinado a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes estiveram no condomínio de Bolsonaro, o Vivendas da Barra, horas antes do crime.
O porteiro do local contou à polícia que Élcio de Queiroz, um dos suspeitos das mortes de Marielle e Anderson, entrou no condomínio e disse que iria para a casa do então deputado Jair Bolsonaro. O funcionário disse ainda que quando interfonou para a casa do presidente, o “seo Jair” liberou a entrada do suspeito.
No dia 14 de março de 2018, entretanto, Jair Bolsonaro estava em Brasília na Câmara dos Deputados. Seu registro foi inscrito em sessões que aconteceram no período da manhã e da tarde naquele dia. Em suas redes sociais, o então deputado também postou vídeo com admiradores na parte de fora de seu gabinete.
Bolsonaro afirmou ter pego toda a memória da secretária eletrônica, que ficaria guardada por dez anos, e negou que a voz seria dele. “Nós pegamos as gravações antes que tentassem adulterar. A voz não é minha”, disse aos jornalistas que o acompanhavam numa concessionária de motocicletas em Brasília.
O presidente também voltou a atacar o governador do Rio, Wilson Witzel, pelo vazamento do depoimento em que é citado nas investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
“O que eu desconfio? Que o porteiro leu sem assinar ou induziram ele a assinar aquilo. Agora quem está por trás disso? Governador Wilson Witzel”, afirmou. Bolsonaro acusou Witzel de ter fornecido à Rede Globo o documento em que o porteiro do condomínio Vivendas da Barra afirmou envolvimento do ex-PM Élcio de Queiroz com o então deputado.
Na sexta-feira 1, Witzel respondeu aos ataques de Bolsonaro e negou qualquer ligação com o vazamento do depoimento. “Eu não tenho bandido de estimação. Seja ele de farda, de distintivo, político, filho de poderoso. Não tenho compromisso com a bandidagem. Assumi o Estado sem qualquer compromisso com traficante ou miliciano. Todos aqueles que se colocarem na reta da Justiça serão presos, serão investigados”, disse o governador.
Fonte: Carta Capital