The Wall: a obra prima de Roger Waters fala o que vivemos hoje

Another Brick in the Wall part II é uma música do Pink Floyd tão popular que toca até em baile de forró no interior. Ela é parte de uma história maior, que fala de um homem que se torna um monstro por causa do medo e da frustração.

Foto: reprodução da internet

O coral de crianças, a melodia grudenta, o belo solo de guitarra, tudo faz a música ser marcante e tocar nas rádios até hoje. O que muitos não sabem é que ela só pode ser entendida ouvindo o disco duplo The Wall (o muro), lançado no final dos anos 70. Todas as músicas do disco são parte da mesma história, escrita pelo vocalista e baixista da banda, Roger Waters. Mas qual é essa história e porque a obra de Waters, que está fazendo campanha contra Bolsonaro em seus shows pelo Brasil, é tão atual?

Ela começa falando de um menino, Pink,  que perdeu o pai na Segunda Guerra mundial. Ele cresce infeliz pela perda e tem problemas de relacionamento na escola. Sonha em se rebelar contra seu professor e não se adapta ao sistema educacional opressor da época. Essa parte é contada na famosa música, com os versos “Não precisamos de ‘educação’/De nenhum sarcasmo sombrio da sala de aula/ professor, deixe as crianças em paz”.

A perda, a repressão, a mãe emocionalmente distante, tudo isso vai moldando um homem incapaz de criar laços afetivos verdadeiros, com problemas no seu relacionamento com as mulheres e emocionalmente isolado. Com o tempo, Pink vai criando um muro entre ele e as pessoas. A insegurança, o medo e a frustração vão o tornando uma pessoa amarga e com um ódio cada vez maior pelo mundo. Ao final, ele se torna um líder fascista, que toma o Poder e torna a sociedade uma ditadura que persegue todo tipo de minoria.

“Há alguma bicha no teatro esta noite?
Ponha-os contra a parede, pegue-os!
Aquele ali parece judeu,
E aquele é preto
Quem deixou essa ralé entrar no auditório?
Tem um fumando um baseado
E um outro com marcas de picadas
Se fosse à minha maneira
Mandaria todos serem fuzilados”

Esses versos contam a parte em que Pink faz seu discurso ao se tornar líder de uma multidão que sai às ruas caçando pessoas que estão fora dos padrões. Te lembra alguém? A história acaba com o próprio Pink sendo julgado por ter tido “sentimentos quase humanos”, em uma sociedade onde isto já é considerado um crime.

The Wall fala de como as frustrações humanas são usadas politicamente para criar pessoas fanáticas, violentas e preconceituosas. Fala de como o consumismo não pode preencher o vazio, fala de como os homens são moldados para tratar mal as mulheres. Cada abuso, cada violência, cada julgamento é um pequeno tijolo na parede. Cada um de nós acaba se tornado um tijolo na parede. No final se forma um muro que nos isola uns dos outros e nos torna inimigos.

O Disco foi feito há quarenta anos atrás. Mas parece que foi lançado ontem. Se você não é capaz de entender que a obra de Roger Waters é absolutamente contrária a tudo que Bolsonaro defende, me desculpe, você é apenas mais um tijolo na parede. E o disco pode justamente estar contando a história de sua vida.

Fonte: Esquerda Online

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