Alunos, professores e trabalhadores foram às ruas da capital nesta quinta (03) contra os cortes da educação e contra as políticas destruidoras de direitos dos trabalhadores implementadas pelo governo de Bolsonaro
As medidas dos governos Jair Bolsonaro (PSL) e Romeu Zema (Novo) voltadas à educação, novamente, se tornaram alvo de críticas da comunidade acadêmica nesta quinta-feira (3). Convocados por sindicatos, estudantes e professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e também ligados aos ensinos Médio e Fundamental, gritaram palavras de ordem e protestaram pelas ruas do Hipercentro de Belo Horizonte.
O ato começou na Praça Afonso Arinos, no encontro das avenidas João Pinheiro e Augusto de Lima, no Centro da cidade, por volta das 17h. O encerramento aconteceu também no Hipercentro de BH, na Praça Sete, por volta das 20h.
Em um caminhão, lideranças do protesto puxaram gritos contra os cortes nos institutos federais de educação. “A manifestação é em defesa da educação pública. Quem tem filhos e quer vê-los nos institutos federais, precisa saber que, se os cortes na educação continuarem, a vaga na UFMG e no Cefet, por exemplo, está comprometida. Não adianta estudar pro Enem, porque não haverão vagas”, explicou Denise de Paula Romano, coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG).
Professor da Escola de Música da UFMG, Rogério Vasconcelos, de 57 anos, criticou as “mentiras” produzidas pelo governo federal contra a categoria. “Eles fizeram declarações sobre o salário do professor que são erradas e sobre a carga de trabalho, que também são erradas. Também mentiram sobre o ranking das universidades brasileiras, porque a gente é muito melhor do que eles dizem”, analisou.
Colega de Rogério na Escola de Música, Helena Lopes, de 52, disse que o ato foi positivo para os objetivos da categoria, mas que esperava mais público. “A gente espera mais pessoas, porque a gente que o momento agora é de organização e mobilização. A universidade é muito plural e as pessoas são livres, mas elas estão confusas e não sabem a importância disso”, ressaltou.
Alunos da UFMG foram representados pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE). Anna Carolina Leal, 24, estudante de pedagogia e ex-coordenadora do DCE da UFMG, deu mais detalhes sobre o dia de protestos. “A gente está em greve faz dois dias e estivemos durante todo o dia na Praça Sete panfletando e conscientizando as pessoas sobre a importância de ter uma universidade pública de qualidade”, afirmou.
A Polícia Militar (PM) acompanhou a manifestação do início ao fim e não houve registro de violência. A BHTrans também deslocou agentes para o ato, que bloquearam o trânsito do Centro da cidade por algumas horas.
Engarrafamentos foram registrados, principalmente devido ao fechamento da Praça Sete, refletindo nas avenidas Amazonas e Afonso Pena, além das ruas adjacentes.
Escola sem partido
Além dos cortes na UFMG, os manifestantes criticaram o Projeto de Lei 274/2017, conhecido popularmente como “Escola sem partido”. O texto está em tramitação na Câmara de BH.
Quem defende a proposta na Casa defende que o objetivo é criar regras para coibir que professores das escolas da rede municipal façam “doutrinação política e ideológica” nas escolas.
Para Denise de Paula Romano, coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, no entanto, a proposta vai na contramão do indicado pela pedagogia. “Na verdade, é a ‘Escola de Partido Único’ É um projeto que não tem sustentação científica. O texto que cercear o direito do aluno de ter acesso a várias leituras fundamentais para entendimento do mundo, que é o papel da escola”, critica.
O texto está em tramitação na Câmara de BH e está pronto para ser votado em primeiro turno. Contudo, vereadores contra o projeto têm articulado para que ele não vá ao plenário.
O projeto tem autoria de diversos vereadores, a maioria deles ligados à bancada evangélica.
No último dia 17, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) detonou a proposta. “Olha, está na Câmara, quando chegar aqui eu vou decidir. Eu disse e vou repetir: para mim, escola é para saber ler e escrever. Então, para mim, esse é um assunto estúpido e idiota que sempre vem à tona. É uma bobagem”, disse.
Fonte: Estado de Minas
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