Em abaixo-assinado, moradores de Macacos cobram continuação de auxílio pago pela Vale

De acordo com comunidade, mineradora anunciou suspensão do pagamento da renda emergencial

Foto: Estado de Minas

Os moradores de São Sebastião das Águas Claras – Macacos, distrito de Nova Lima, vivem mais um capítulo na longa novela de negociação com a mineradora Vale. No último dia 17, a empresa enviou um e-mail para as famílias atingidas da região avisando que cancelaria o pagamento da renda emergencial.

Em documento enviado aos atingidos, a empresa alega que, como alguns moradores foram indenizados, ela irá suspender o pagamento do auxílio emergencial para essas famílias. “A renda emergencial é a nossa garantia de que a Vale realmente vai descomissionar essas barragens. Eles fizeram um muro de contenção, mas nunca iniciaram as obras. Ela não pode retirar a renda emergencial de nenhuma família até descomissionar essas barragens”, critica Tatiana Sansi, moradora de Macacos.

Para denunciar a situação os moradores estão organizando um abaixo-assinado contra a ação da empresa. O documento já conta com 950 assinaturas.

Em abril, os atingidos ficaram mais de dois meses sem receber o pagamento. Depois de muita negociação, o auxílio voltou a ser pago, porém com diminuição no valor concedido. Mas, de acordo com a comunidade, algumas famílias que foram prejudicadas com o processo de transição na forma de concessão do auxílio, ainda seguem sem o retorno do benefício.

A protester covered in mud and holding a sign reading “Vale murderer” takes part in a demonstration in front of the Se Cathedral in Sao Paulo, Brazil, on February 1, 2019. – A tsunami of mineral-laced mud broke through a dam at an iron-ore mine owned by Brazil’s mining giant Vale near the town of Brumadinho on January 25, with the official toll of the disaster standing so far at 115 dead and 248 missing. (Photo by Miguel SCHINCARIOL / AFP)

Vale quer recolher móveis que cedeu para associação

Outra denúncia da comunidade é que a mineradora pretende recolher o mobiliário que havia cedido à Associação Comunitária de Macacos. José Paulo, presidente da Associação, explica que a alegação da empresa é que a Associação está com o CNPJ inativo.

O presidente ressalta que diante da pandemia está complicado resolver o problema, mas que o motivo não justifica a ação da mineradora. “Acho que a Vale poderia ter um pouco de bom senso. A associação vem fazendo um importante trabalho de apoio aos moradores. Onde o povo vai sentar quando fizermos um velório na Associação?”, questiona.

“Qual tamanho da mancha?”

Desde fevereiro de 2019, quando as sirenes da barragem B3/B4, da Mina Mar Azul tocaram, Macacos entrou para a lista de cidades mineiras atingidas pelos crimes da mineradora. Como as estruturas estão em nível máximo de alerta de rompimento, algumas famílias do distrito tiveram que sair de suas casas, outras continuam no local, mas sem saber ao certo qual será o possível impacto do rompimento, caso a estrutura entre em colapso.

“Qual tamanho da mancha? Que dia nós vamos saber disso? Será que tem famílias correndo o risco sem saber que estão em perigo?”, declara o presidente da Associação de Moradores de Macacos, José Paulo que afirma que há mais de ano a comunidade espera pela informação.

Fonte: Brasil de Fato

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