Em depoimento sobre o caso do sítio de Atibaia, o ex-presidente Lula, preso há mais de sete meses em Curitiba, voltou a reafirmar sua inocência e disse não saber se viverá tempo suficiente para que “a verdade venha à tona”.
“Eu não sei o que fazer a não ser esperar por Deus ou que esse País tenha Justiça, porque eu sou vítima do maior processo de mentira que esse País já conheceu”, disse o ex-presidente. “Eu tô cansado, não sei até onde isso vai”.
Preso após ser condenado no caso do tríplex, Lula é acusado de ser dono de um sítio em Atibaia, interior de São Paulo, e ter recebido propina das empreiteiras OAS, Odebrecht e Schahin para reformas no imóvel no valor de R$ 1,02 milhão.
O ex-presidente foi interrogado pela juíza Gabriela Hardt, substituta do titular, Sérgio Moro, que está em férias enquanto aguarda sua nomeação para o Ministério da Justiça do governo Jair Bolsonaro.
Visivelmente irritado com sua prisão e a nova acusação, Lula afirmou que, se fosse presidente do PT, teria pedido a todos os filiados que “abrissem processo contra o Ministério Público”. Hardt rebateu, ao afirmar que o petista estava “intimidando a acusação”. “Você está estimulando os filiados dos partidos a tumultuarem o processo”.
Lula também disse que o delator da Lava Jato Aberto Youssef era “amigo” de Sérgio Moro desde o caso do Banestado. Hardt negou: “Ele não vai fazer acusações ao meu colega, nunca foi amigo. É melhor o senhor parar com isso.”
“Às vezes fico nervoso, mas não é pessoalmente com ninguém, tenho respeito pela instituição”, disse Lula. “Fico nervoso com as mentiras contadas no Powerpoint (feito pelo procurador Deltan Dallagnol).” Ele disse que a Lava Jato teve um “um descaminho”, mas disse estar se referindo apenas a seu caso.
“Eu me considero um troféu, eu era um troféu que a Lava jato precisava entregar. A ponto que disse ao juiz Moro, lamento dizer que você não terá outra alternativa se não me condenar. Me sinto vítima do processo do triplex, do sítio, do terreno.